A constatação de que o atual padrão dominante de desenvolvimento é incompatível com a sustentabilidade da vida na Terra e, portanto, das próprias sociedades contemporâneas, impõe-se de forma crescente. Ao mesmo tempo, também é possível constatar a disparidade que existe entre, de um lado, os métodos usualmente adotados pelas ciências, essencialmente reducionistas e, de outro, a complexidade dos problemas relacionados ao desenvolvimento e à sua sustentabilidade.Neste artigo, é realizada uma discussão das consequências epistemológicas da adoção de um conceito de desenvolvimento sustentável que pressupõe explicitamente que a biosfera e as sociedades humanas são sistemas complexos e abertos. Considera-se que a hegemonia positivista nas ciências naturais assim como da hermenêutica pós-moderna nas ciências sociais constituem obstáculos importantes para que a ciência possa contribuir positivamente para a solução dos problemas relacionados ao desenvolvimento e à sua sustentabilidade. Inicialmente, procura-se mostrar que o pressuposto da complexidade implica considerar que o desenvolvimento sustentável, longe de ser um estado específico, cujas características e formas de atingir seriam passíveis de serem definidas cientificamente, corresponde, sobretudo, a um processo que depende da própria capacidade evolutiva da sociedade como um todo. A promoção do desenvolvimento sustentável, nesse sentido, é incompatível com a noção positivista de um conhecimento científico infalível, cuja função seria a de proporcionar um controle crescente sobre a natureza e a sociedade. Por outro lado, o relativismo subjetivo e absoluto proposto pela hermenêutica pós-moderna diante da