Saúde mental dos estudantes de medicina brasileiros: uma revisão sistemática da literatura

Abstract

A alta incidência de transtornos físicos e mentais presente no contexto universitário, principalmente apresentado pelos acadêmicos de medicina é significativa tanto pelo aspecto da saúde pública quanto educativo. Com a expansão de vagas de medicina no país, torna-se necessário produzir mais conhecimentos sobre os modelos de compreensão destes adoecimentos psíquicos, seus condicionantes e desencadeadores, bem como seus fatores atenuantes e ações de suporte a estas situações. Assim, este estudo procurou mapear a produção científica sobre o tema no Brasil. Para tal, recorreu-se a revisão sistemática da literatura por meio de três bases eletrônicas de dados - PUBMed, Scielo e MedLine, utilizando alguns descritores acerca da saúde mental de estudantes de medicina numa busca de publicações brasileiras nos últimos 25 anos. Após aplicação de teste de relevância, apurou-se uma amostra final de 47 artigos na íntegra e com acesso livre. Os artigos foram analisados em sua totalidade e em sua maioria retratam estudos transversais e quantitativos realizados nas regiões sudeste e nordeste, principalmente realizados em universidades públicas e com grande parte dos artigos publicados entre 2011 e 2015. A caracterização do adoecimento é o foco da maior parte dos artigos estudados que descrevem quadros e índices de risco de Transtorno Mental Comum (TMC), depressão, ansiedade, estresse e qualidade de vida dos estudantes de medicina, dentre outros. E para esta caracterização, os principais instrumentos encontrados nos estudos quantitativos foram SRQ 20, Whoqol-bref e BDI. A manifestação do adoecimento e as ações de apoio são os principais temáticas dos artigos. Os condicionantes e desencadeadores aparecem nos artigos como um contexto do aparecimento do adoecimento, mas poucos artigos têm como foco estes elementos e suas relações que contribuíriam na configuração de modelos de compreensão do fenômeno. A Revisão retrata que, para compreender melhor o fenômeno de adoecimento dos estudantes de medicina e apontar estratégias de enfrentamento às situações de sofrimento, seria preciso expandir os estudos longitudinais e qualitativos sobre o assunto e amadurecer modelos analíticos para avançarmos na compreensão e intervenção.

Peer mentoring como estratégia de acolhimento ao estudante e adaptação ao método PBL

“…Quanto às especificidades do curso médico, os problemas de saúde mental têm índices maiores entre discentes de Medicina -em comparação com a população em geral -, o que é atribuído às características da profissão médica e do processo de formação 17 . Observa-se a preocupação dos mentees em relação à gestão do processo de aprendizagem e a outras atividades.…”

Mudanças Na Qualidade De Vida Dos Estudantes Universitários Perante O Trabalho De Conclusão De Curso

“…O ambiente acadêmico acaba por ser responsável por grande parte do estresse do estudante, seja pela necessidade de assistir aulas, realizar atividades, ou conviver com os colegas, visto muitas vezes a competitividade no meio. (CONCEIÇÃO et al, 2019) Além disso, também há a preocupação com a segurança, que muitas vezes é precária nos ambientes universitários, com a presença marcante da violência, como é o exemplo do estado Ceará, cujos números de homicídios de jovens são os maiores em nível nacional. Esses aspectos ocasionam insegurança e consequentes complicações na qualidade de vida.…”

“…Com a carga horária excessiva e as altas exigências, além da falta de experiência com a organização do próprio tempo, o estudante universitário acaba por privar-se do sono, diminuindo as horas de descanso e as ocupando com os estudos, o que acaba gerando exaustão e prejuízos ao sono no geral, cujo ritmo regular acaba por ser perdido, e que por sua vez leva ao desenvolvimento de quadros crônicos de adoecimentos mentais, tais como Transtornos Mentais Comuns (tremores, comportamentos compulsivos) e também a insônia, sonolência excessiva e apneia. (CONCEIÇÃO et al, 2019). É importante, além de tudo, também fortalecer o psicológico do estudante e ajudá-lo a construir uma autoimagem saudável de si mesmo, pois segundo dito por Ponte et al (2019, p. 7) a forma física em sua maior parte das vezes é percebida sob uma ótica própria do indivíduo, dependendo de uma construção social com a qual é acostumado e também da sua própria opinião sobre si mesmo.…”

Body Perception and Anorexic Behavior in Medical School Students: A Cross-Sectional Observational Study

“…The high number of hours, excess of bad nights, and the construction of a career that does not admit mistakes are points that have a great potential impact on the quality of life of medical students, being, therefore, quality of life defined as "the perception of individual of his insertion in life, in the context of the culture and value systems in which he lives and in relation to his goals, expectations, standards, and concerns " [3]. This concept involves the entire context in which the individual is inserted based on social determinants and, analyzing the conjuncture of a student in the medical field, a complex process is perceived, in which responsibilities carry daily anxieties and anxieties, which directly imply their physical and mental health, significantly increasing the chance of developing important psychological disorders due to stress, including low self-esteem and body dissatisfaction, which are triggers for the development of eating disorders [10][11][12][13][14].…”