A preocupação com o trote violento tem sido recorrente na vida universitária brasileira. Por um lado, existe uma expectativa dos jovens aprovados nos exames vestibulares com relação ao trote ao qual serão submetidos pelos veteranos. Por outro, algumas universidades promovem debates sobre o tema, sobretudo aquelas que se tornaram palco de trotes violentos. A morte de um calouro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, há dois anos, acentuou a preocupação e intensificou discussões na imprensa e entre especialistas de diversas áreas do conhecimento1. Pais de calouros se preocupam, e algumas universidades proíbem o trote em suas formas tradicionais, incentivando o trote cultural. São preocupações e iniciativas legítimas, na tentativa de enfrentar o problema.A Universidade Estadual de Londrina regulamentou a proibição do trote violento em agosto de 1999 e, este ano, instituiu em seu lugar uma gincana universitária, duas semanas após o início das aulas. O fato gerou polêmica entre os alunos , que questionaram a forma com que a alternativa foi proposta, sem discussões e sem participação da comunidade universitária. Cabe ressaltar aqui a necessidade de se refletir sobre o sentido e a importância simbólico-prática desse ritual em nossa sociedade, parte constitutiva da vida universitária, e ampliar o debate para toda a comunidade, o que não se fará sem dificuldades, pois envolve tema complexo, como o da violência nas sociedades atuais.Evidentemente, não há justificativa para o assassinato, principalmente quando surge revestido de futilidade, como acontece no trote. E o exemplo mais recente da morte do calouro de medicina reverbera