O presente trabalho propõe refletir sobre as possibilidades da implementação das Diretrizes Curriculares da Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (DCNERER) na formação inicial e continuada de professores, a partir do livro Olhos D´água, de Conceição Evaristo, como recurso didático. A escolha da autora foi inspirada nas reflexões e incômodos apresentados por Anzaldúa (2000) em, Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo, um texto que convida as mulheres de cor do terceiro mundo a escreverem, expondo as dificuldades e atravessamentos neste caminhar, funcionando como uma estratégia também de libertação. A proposta consiste em identificar como algumas recomendações e objetivos presentes nas DCNERER, que pleiteia sobre a construção de um currículo mais plural e diverso, podem ser abordadas a partir do livro Olhos D’água como recurso didático em sala de aula ou em processos de formação de professores, criando espaços seguros de fala e de reflexões críticas. Como encaminhamentos, reforçamos e endossamos que, para a construção de um currículo que consiga abarcar o que as DCNERER propõem, é preciso permitir que vozes como a de Conceição Evaristo ecoem e anunciem, ocupando lugares dos grandes chamados cânones, combatendo o epistemicídio e contra-colonizando este território de poder e disputa, seja no ensino superior, ou na educação básica.