RESUMOInvestigaram-se estratégias utilizadas por pais para transmitir valores aos filhos. Assistir a um filme infantil e simular sua recontação à criança foi o procedimento usado para introduzir nessa temática dez pais/mães, com filho de 6 a 9 anos. Eles participaram de entrevista semiestruturada cujas respostas foram analisadas qualitativamente, revelando diferentes estratégias intencionais para transmitir valores: instruir ativamente o filho; aproveitar notória motivação da criança e lhe agregar valor; e ensinar pela experiência (ou privação dela) proporcionada ao filho. A recontação revelou-se um procedimento adequado de pesquisa, pois os entrevistados realçaram ou minimizaram trechos do enredo para transmitir valores aos filhos ou comentaram que assim o fariam. Destaca-se o potencial de se explorar a temática sob o foco dos estudos intergeracionais.Palavras-chave: valores; família; relações pais-filhos; estratégias parentais.
ABSTRACT From Parents to Children: Intentional Manners of Transmiting ValuesStrategies by parents were investigated in transmitting values onto their children. Seeing a children's movie and simulating retelling to the child was used to introduce ten parents with children aging 6-9. They participated in a semi-structured interview whose answers were qualitatively analyzed, revealing different intentional strategies conveying values: actively instruct their child; take advantage of the child's motivation adding value to it; and teach by experience (or its withdrawal) provided to the child. The retelling proved to be a suitable procedure for research as the respondents highlighted or minimized parts of the plot to transmit values or commented they would do so. It is noteworthy the potential to explore the issue from the standpoint of intergenerational studies.Keywords: values; family; parent-child relationships; parenting strategies. Os pais são os principais responsáveis por ensinar a criança regras e valores necessários à sua socialização, incentivando-a e promovendo meios eficazes para que ela aprenda e se desenvolva. Os modos como os pais orientam o comportamento de seus filhos são chamados de práticas educativas parentais. Nas últi-mas décadas vários estudos têm sido realizados sobre esse tema buscando-se relacionar variáveis específicas a práticas educativas dos pais, algumas vezes apenas da mãe. São exemplos de estudos recentes: Alvarenga e Piccinini (2007), que investigaram a relação do temperamento infantil, da responsividade materna e das práticas educativas maternas, com problemas de externalização e competência social de crianças; Alvarenga e Piccinini (2009), que buscaram relacionar práticas de orientação, controle assertivo e envolvimento parental positivo à competência social, e práti-cas coercitivas e permissivas aos problemas de externalização; Carmo e Alvarenga (2012), que compararam o uso de práticas coercitivas em mães de diferen-