O conceito de ilusão em psicanálise: estado ideal ou espaço potencial?

Abstract

ResumoEste trabalho discute diferentes interpretações da noção de ilusão na psicanálise contemporânea. Primeiramente retoma as considerações de Freud sobre a relevância da ilusão na construção da cultura, que culminam com sua posição final contida no texto de 1927. A seguir, apresenta dois desdobramentos teóricos bastantes distintos da noção de ilusão representados pelos conceitos de área da ilusão, em D. Winnicott, e domínio da ilusão, em J. Chasseguet-Smirgel. Finalmente, discute comparativamente as definições de ilusão em D. Winnicott e J. Chasseguet-Smirgel, sugerindo, na conclusão, que ambos contribuem para uma reflexão psicanalítica sobre o normal e o patológico na sociedade atual. AbstractThe concept of illusion in psychoanalysis: ideal state or potential space? This paper discusses different interpretations of the notion of illusion in contemporary psychoanalysis. First, it resumes Freud's contributions about the main role of illusion in the building up of civilization which reaches its highest point in 1927 with his final definition of illusion. Next, it presents two different theoretical developments of the notion of illusion represented by D. Winnicott's area of illusion and J. Chasseguet-Smirgel's realm of illusion. Finally, it discusses comparatively D. Winnicott's and J. Chasseguet-Smirgel's definitions of illusion, suggesting that both contribute to a better understanding of pathology and normality in contemporary society.

Ilusão, criatividade e paradoxo: pré-condições para a capacidade de brincar

“…Outro aspecto importante a considerar, ainda referente à ilusão, é que a forma como é colocada por Winnicott difere-se da ilusão freudiana. Garcia (2007) afirma que as formações ilusórias em Freud sempre estiveram lado a lado com a realização de desejo, podendo ser encontradas referências desde muito cedo em sua obra em articulação também à defesa contra o desamparo. O ilusório apresenta, assim, um caráter defensivo que deforma e nega a realidade A partir do texto "Futuro de uma ilusão" (1927c), Freud formaliza a ideia de que ela está relacionada tanto à defesa contra a efemeridade da vida como o lugar de onde emerge a cultura -como um representante deste aspecto protetor e defensivo.…”

Suicídio, adolescência e contemporaneidade: um olhar psicanalítico

“…Entenda-se aqui ilusão como conceito postulado na obra freudiana, ou seja, como expressão de um desejo de negar o desamparo, a ordem pulsional e o conflito e de uma tentativa de preservar o princípio do prazer e a completude narcísica. Sendo assim, a ilusão representa uma proteção contra os imperativos do princípio da realidade e o reconhecimento da castração e, desse modo, pode ser compreendida como um elemento defensivo e alienante no movimento de constituição subjetiva (Garcia, 2007).…”

“…E, desse modo, constrói um laço de miséria com o namorado, laço em que mantém a posição de faltante, laço que a sustenta. Nesse sentido, Garcia (2007) aponta que o desejo de manutenção de um estado de coisas ideal se contrapõe à inevitabilidade do desamparo e das pulsões, em especial da pulsão de morte, e é deste antagonismo que surge o caráter potencialmente produtivo da ilusão como origem do laço social e das formações da cultura que, em última análise, protegem do desamparo. O papel protetor da ilusão ficou claro quando Sara relatou os sentimentos de vazio e o quanto ficava entregue às moções pulsionais fora de controle quando seu relacionamento era ameaçado.…”

Razão onírica, razão lúdica: perspectivas do brincar em Freud, Klein e Winnicott

“…Outro aspecto importante a considerar, ainda referente à ilusão é que a forma como é colocada por Winnicott, difere-se da ilusão freudiana. Garcia (2007) afirma que as formações ilusórias em Freud sempre estiveram lado a lado com a realização de desejo podendo ser encontradas referências desde muito cedo em sua obra em articulação também à defesa contra o desamparo. O ilusório apresenta, assim, um caráter defensivo que deforma e nega a realidade (Lejarraga, (s/d)).…”