As lanças do crepúsculo: relações jivaro na Alta Amazônia

O feiticeiro oculto, a antropologia e a vingança entre os Jamamadi do alto Purus

“…Philippe Descola (2006) recorda que temas de conversas, além de produzir o efeito de passagem do tempo durante a pesquisa de campo, para o antropólogo, faz notar, lentamente, uma crônica de incidentes nas vidas dos indígenas. Guerras, abandonos de cônjuges, mudanças para novos lugares, formação de novos aldeamentos, ou regiões antes habitadas que já não o eram, mortes, fugas, conflitos, alianças, e assim sucessivamente eram temas de conversas (DESCOLA, 2006: 96).…”

“…Ou seja, a morte acometera quem já estava fraco, adoecido durante muitos anos. 12 Eu havia entendido que a morte era quase por "causas naturais", como se refere Descola (2006) à compreensão dos Achuar. Os acontecimentos ruins e diários da vida vistos como o mal e o infortúnio que em geral poderiam acometer esses indígenas, isto é, eram atribuídos a ações involuntárias ou deliberadas de outrem.…”

“…Entre os Jamamadi, portanto, por outros caminhos, parecia preciso o apontamento sobre os Jívaro feito por Anne-Cristine Taylor (1993: 78, tradução minha): "a tensão da aliança, e a consciência de que os aliados serão ou foram consanguíneos obviamente não são suficientes para reduzir sua perturbadora alteridade". Descola (2006) diz que, entre os Achuar, a expressão pase chicham, traduzida como "palavras ruins", poderia ser entendida como boatos e mentiras, ou meias-mentiras ligadas ao surgimento de guerras entre os mesmos indígenas, isto é, acusações e cálculos de culpa. O etnólogo associa a dispersão das aldeias, em um território de distâncias físicas muito extensas, à sistemática deformação das notícias entre os Achuar.…”

Cultivando Afetos: Uma Etnoarqueologia De Plantas Alimentícias Entre Os Asurini Do Xingu

“…A estes exemplos poderíamos adicionar muitos mais, sem poder aqui deixar de mencionar o trabalho de Anne Christine Taylor e Philippe Descola ao longo de décadas entre os Achuar da Amazônia Equatoriana, e que talvez seja o exemplo mais conhecido sobre a complexidade das relações simbólicas entre populações indígenas amazônicas e o cultivo de plantas (DESCOLA, 1996(DESCOLA, , 2006.…”

Ver de perto pra contar de certo

“…Já para os Huni kuin é importante plantar huni (cipó) ao redor do roçado e perto dos canteiros pero das casas para evitar o mau. Descola (1998Descola ( ,2006 observa que para os Achuar, costumam utilizar nantar (amuleto) para proteger as roças do mau, para as plantas crescerem e ter uma boa colheita. O conhecimento mágico e de seus procedimentos rituais são importantes para afastar as calamidade e obter sucesso na agricultura, bem como na caça e na pesca.…”