No Brasil, a instauração de um Estado secular trouxe o termo e a ideia de "laico" para a experiência dos brasileiros, ao mesmo tempo em que criou as condições de institucionalização de inúmeras práticas, colocando-as no rol das religiões. A República brasileira associou, assim, laicismo e pluralismo religioso, muito mais do que laicismo e recusa da religião (como na França), ou laicismo e liberdade religiosa (como nos Estados Unidos). Como consequência, desde a separação oficial entre Igreja e Estado, a presença pública da religião neste país tem colocado instigantes desafios à análise, também, das práticas de convivência dos diferentes credos e de exercício da tolerância. E a centralidade do catolicismo -modelo em referência ao qual foram institucionalizadas aquelas práticas -permanece, tornando vãos os esforços de compreensão que a ignoram. A perspectiva histórica indica que a ambiguidade dos discursos e práticas da hierarquia católica e dos governantes do Brasil republicano marcam o laicismo brasileiro. Mas o que dizer do lugar e das práticas dos laicos, ontem e hoje?Dentre as possibilidades que se oferecem à reflexão sobre pluralismo e tolerância religiosos entre nós, este artigo opta pelas particularidades do processo de construção de uma identidade católica entre os jovens carismáticos, através da análise de suas práticas grupais e da literatura que serve de base a sua formação profissional e moral. Entendida como fruto de um processo de diferenciação interna do catolicismo, a