“…Em seu estudo sobre o erotismo literário no Brasil contemporâneo, Eliane Robert Moraes (2008) afirma que a literatura obscena produzida no último quarto de século no país adotou um repertório que privilegiou fantasias da sensibilidade urbana contemporânea, notadamente caracterizado por um embate entre formas elevadas e registros baixos da cultura nacional, praticado quase que exclusivamente por mulheres e homossexuais, sugerindo uma erótica do limite. Ocorre, assim, uma renovação na década de 1990, apostando radicalmente na fantasia fescenina, alucinatória, mística ou grotesca: "uma vez desfeito o pacto com a morte, a ênfase trágica cede lugar a uma pluralidade de vozes que descobrem outras vias de dizer o sexo", valendo-se de "um dos seus expedientes mais férteis: o rebaixamento" (Moraes, 2008, p. 407).…”