Modernização, políticas públicas e sistema de gênero no Brasil: educação e profissionalização feminina entre as décadas de 1920 e 1940

Abstract

Para um contingente importante de mulheres, sobretudo as de classe média urbana, as experiências de escolarização proporcionada pelas políticas sociais e, mais especificamente, pelas políticas educacionais implantadas isoladamente a partir dos anos 1920, que efetivamente se institucionalizaram na chamada era Vargas, foram em larga medida responsáveis por importantes mudanças no sistema de gênero, especialmente no que diz respeito à inserção profissional de mulheres no mundo acadêmico e científico. Este texto tem o propósito de rever uma interpretação relativamente consolidada na literatura sobre esse assunto, que tende a minimizar as conseqüências operadas por essas reformas no perfil educacional da população feminina.

Enfermeiros nas páginas da imprensa escrita no distrito federal (1920-1940)

“…Estes eram espaços assistenciais e sociopolíticos de atuação de enfermeiros fora do meio da Associação Nacional de Enfermeiras Brasileiras Diplomadas, atual Associação Brasileira de Enfermagem. Vale destacar o perfil intervencionista do governo Vargas, com políticas públicas de universalização da escolaridade, considerando a escola como instrumento de transformação e progresso social, com incentivo à formação profissional orientada às mulheres no intuito de prepará-las para os espaços públicos organizados de acordo com a economia de mercado e segundo o trabalho, o consumo e a competição pela aquisição de bens de consumo 11 .…”

Em busca pelo campo – Mulheres em Expedições Científicas no Brasil em meados do século XX

“…From the beginning of that century, we find records of participation of foreign and Brazilian women researchers in the country. It was in this period that the first women scientists entered public research institutions, locations where they were previously not accepted, and gained rights such as access to higher education and entrance to schools that had been exclusively male Ferreira, 2006).…”

Medicina e feminização em universidades brasileiras: o gênero nas interseções

“…Com esse termo, entendemos que a literatura especializada se refere não apenas a um aumento estatístico, mas às interferências de gênero nas escolhas e no exercício das atividades profissionais. Consideramos ainda que tal processo é tributário de vários fatores, notavelmente os avanços da escolarização das mulheres, apontados em pesquisas de Nara AZEVEDO e Luiz Otávio FERREIRA (2006), bem como em um estudo posterior liderado por este último em 2008, por exemplo.A primeira pesquisa constata que as políticas educacionais implantadas no Brasil a partir da década de 1920, gradativamente institucionalizadas no período Vargas, favoreceram a inserção profissional das mulheres na academia e na produção do conhecimento, tendo impacto significativo nos sistemas de gênero (AZEVEDO; FERREIRA, 2006). A segunda dá continuidade ao tema e investiga a crescente escolarização das mulheres no nível superior a partir dos anos 40, indicando suas repercussões na institucionalização do conhecimento científico e na profissionalização da pesquisa.…”

“…A primeira pesquisa constata que as políticas educacionais implantadas no Brasil a partir da década de 1920, gradativamente institucionalizadas no período Vargas, favoreceram a inserção profissional das mulheres na academia e na produção do conhecimento, tendo impacto significativo nos sistemas de gênero (AZEVEDO; FERREIRA, 2006). A segunda dá continuidade ao tema e investiga a crescente escolarização das mulheres no nível superior a partir dos anos 40, indicando suas repercussões na institucionalização do conhecimento científico e na profissionalização da pesquisa.…”