“…As questões de sexo/ gênero/orientação sexual estavam presentes em todos os registros de campo, enquanto as relativas à raça estavam presentes quando eram registrados momentos de conflito de diversas ordens, que terminavam em xingamentos racistas ou em conflitos criados pelo próprio racismo, e que vamos aprofundar a seguir. A mesma espécie de insultos observados em interações infantis e relatados nas entrevistas foi analisada por Érica Renata de Souza (2006), que argumentou ser a estética atrelada, de modo geral, ao marcador raça, compondo ambos quase que um só marcador, que, a todo o momento, estrutura fronteiras e estigmas, citando ser fato comum meninos serem chamados de "Negão", "Preto", "Carvão", "Macaco", e meninas, de "Bombril", "Cabelo de vassoura", ou "Canhão". Para Guimarães, a função do insulto racial "é institucionalizar um inferior racial, sendo capaz não só simbolicamente de dirigir a pessoa discriminada a seu lugar inferior historicamente constituído, como também de reinstituir esse lugar" (GUIMARÃES, 2000, s/p), legitimando a hierarquia entre grupos sociais.…”