O sexo dos anjos: um olhar sobre a anatomia e a produção do sexo (como se fosse) natural

Abstract

Este artigo analisa as representações corporais e práticas sociais acionadas no que se refere às crianças e jovens intersex, contrastando a perspectiva de profissionais médicos com a dos familiares envolvidos. Parte-se de dois eixos analíticos: o olhar generificado sobre a anatomia e as visibilidades/invisibilidades do sexo. Os argumentos centrais propostos são que o sexo é tão construído na cultura quanto o gênero e que as fronteiras entre o natural e o não-natural são facilmente borradas quando se trata de definí-las a partir do que é considerado dentro ou fora das normas sociais.

Juventude e Intersexualidade: em foco o livro "Menino de Ouro"

“…É importante ressaltar que, segundo estudos feitos por Machado (2005) e Pino (2007), o/a hermafrodita se constitui como uma categoria dentro do que se compreende por intersexual, sinalizando que existem diferentes "estados intersexuais". Segundo Cabral (2005), um dos termos chave para compreender quem são os sujeitos intersexuais é a variação, de modo que "cuando décimos intersexualidad nos referimos a todas aquellas situaciones enlas que el cuerpo sexuado de un individuo varíar especto al standard de corporalidad femenina o masculina culturalmente vigente".…”

“…A partir de trabalhos como de Pino (2007), Machado (2005Machado ( , 2008, Batista (2013), vê-se os/as intersexuais têm sido vistos como sujeitos que devem ser corrigidos, no contexto ocidental, se tem a necessidade de corrigilos pela preocupação em enquadrar os corpos dentro da lógica binária existente. Segundo Pino (2007) e Machado (2005), ao nasceram, a família junto com a equipe médica, decide qual o sexo o bebê terá.…”

“…Segundo Pino (2007) e Machado (2005), ao nasceram, a família junto com a equipe médica, decide qual o sexo o bebê terá. São feitos alguns exames para observar a predominância dos cromossomos para dar início ao processo de transformação do sujeito com a pretensão de tornar homem ou mulher.…”

“…Não é somente o comum acordo entre família e equipe médica que decide qual gênero terá o bebê, também há uma série de exames que buscam compreender qual o sexo biológico seria predominante. Machado (2005) aponta que a decisão por qual sexo "optar" tem como uma das bases questões de gênero. Quando se opta pelo sexo feminino, há a preocupação em tornar o órgão capaz de manter relações sexuais por meio da penetração, além de levar em consideração a questão da reprodução.…”

Tecnociência, corpos, gênero e sexualidade

“…A masculinidade e feminilidade de corpos e pessoas, como elementos distintos e excludentes, ou a lógica binária do sexo como se fosse algo dado, estanque, relativamente imutável e desambiguado está também presente na forma como gênero se caracteriza como um elemento identitário e fundamental desde antes do nascimento dos bebês (CHAZAN, 2007;MACHADO, 2005).…”