Este artigo tem por objetivo abordar as teorizações de Lazzarato concernentes ao capital enquanto operador semiótico, a-significante, desterritorializado e fluido na função de algoritmizador do homem pela economia. Pretende-se também, articular o capital enquanto uma droga com a distopia futurista de Aldous Huxley Admirável Mundo Novo (1932), com vistas a mostrar não apenas a atualidade dessa obra, mas, sobretudo, a engrenagem alienante das promessas de resultados imediatos como forma de evitação dos limites e faltas inerentes ao sujeito. Ao longo do artigo, tratar-se-á do surgimento do homem endividado na sua relação com a culpa, a partir do sequestro do seu desejo quando capturado pelo capital e transformado em objeto. A narrativa da obra huxleniana servirá de base para uma aproximação entre o capital como a droga capaz de algoritmizar o sujeito com a promessa de um mundo melhor e mais novo tal qual o mundo proposto por Huxley e, por isso, as dificuldades para a intervenção da psicanálise que se propõem a trabalhar com a palavra para que o sujeito possa renunciar ao gozo imediato, assenhorando-se do seu desejo.