“…Nesse sentido, a análise da questão no Brasil se deu, até o presente momento, a partir de abordagens desde a psicologia (Debiaggi, Paiva, 2004;Dantas, 2012;Knobloch, 2015), a psiquiatria (Santana, Lotufo-Neto, 2004;Medeiros et alii, 2014), a psicanálise (Rosa et alii, 2009;Rosa, 2012) e a saúde coletiva (Knobloch, 2015;Galina et alii, 2017), cujas preocupações, entre outras, estão em realizar uma espécie de mapeamento epidemiológico da incidência de transtornos mentais entre imigrantes e refugiados, e na instituição de um campo de conhecimento e de práticas clínicas sobre abordagens interculturais dos problemas mentais de refugiados e imigrantes, o que não é o interesse desse trabalho. As etnografias recentes sobre o refúgio no Brasil, apesar de contribuírem enormemente para o debate sobre essa questão ainda subexplorada, não fornecem análise sobre os serviços de saúde mental para refugiados, nem abordam antropologicamente a experiência dos refugiados atendidos por esses serviços (Perin, 2014;Navia, 2014;Hamid, 2012;Mejía, 2010;Lopez, 2015). Perin (2014), inclusive, chega a mencionar en passant que, em sua pesquisa realizada na Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, não lhe foi possível acompanhar o serviço de saúde mental para refugiados por este estar em processo de reformulação quando de sua presença em campo 2 .…”