A arte do Outro no surrealismo e hoje

Copernicus in the Amazon: Ontological Turnings From the Perspective of Amerindian Ethnologies

“…Once we enter the domain of aesthetics it is clear that the famous Batesonian framing of play and poetry becomes central: the play of suggesting without revealing, of equivocal images, visual puns (Bateson, 1955(Bateson, , 1972. This is the mind-set surrealist artists recognized in Amerindian art (Carpenter, 1970;Gamboni, 2013;Lagrou, 2008). And Amerindians certainly do not confuse different states of being, since, as we will see, it would be fatal to perceive an image-being as an animal who takes the human himself to be the animal.…”

Do teso marajoara ao sambódromo: agência e resistência de objetos arqueológicos da Amazônia

“…Este é o caso de objetos que logo foram percebidos como símbolos identitários de resistência ou insígnias de poder, como os mantos de plumas dos chefes e xamãs tupinambás (Borges & Botelho, 2010). O mesmo se observa na musealização de objetos em coleções europeias, onde, muitas vezes, foram (e continuam) expostos tais quais troféus de guerra, reforçando o fetichismo ao exótico, o esvaziamento dos significados simbólicos originais, (re)colocando a produção destas sociedades em um lugar inferior ou hermeticamente primitivo (Price, 1989;Lagrou, 2008;Goldstein, 2008;Du Crest, 2010), entre outros.…”

“…Algumas propostas de exposições que cotejam objetos arqueológicos e obras de arte contemporâneas procuram trazer novos olhares sobre a universalidade da arte e destacam as qualidades dos objetos arqueológicos que permitem este diálogo entre o passado e o presente. O fascínio dos artistas modernistas europeus e brasileiros com as artes pré-históricas ou ditas 'primitivas' tangenciou esta proposta, mas estavam mais interessados na sua própria arte do que nos significados originais dos objetos arqueológicos (Lagrou, 2008;Debray et al, 2019). Um exemplo recente desta proposta no Brasil foi a exposição "Da pedra Da terra Daqui", montada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2015 (Amaral & Miyada, 2015), em que artistas contemporâneos foram convidados a criar em torno de esculturas de pedra os chamados zoólitos, provenientes de culturas sambaquieiras milenares do Sul e Sudeste do Brasil, evocando, assim, as qualidades físicas da pedra, como a durabilidade e a dureza, os gestos para trabalhá-la e diferentes ideias de temporalidade, entre outras expressões.…”

À procura da estética adequada

“…6 Concomitante aos desenvolvimentos da antropologia e às críticas feitas por Boas aos limites do método comparativo em antropologia (BOAS, 2006), os museus passaram a contextualizar seus objetos, não sem, contudo, trazer outros problemas. As coisas expostas poderiam ser agora não (LAGROU, 2008). De outro lado, tal "crise da representação" acarretará a virada reflexiva da antropologia nos anos 1980, colocando no centro da discussão os dilemas éticos que presidiam a representação da cultura e do outro, como feita pelo antropólogo (CLIFFORD, 2002).…”