INTRODUÇÃO: Neste artigo, buscamos articular questões referentes à Terapia de Família Sistêmica (TFS), estudos de sexualidade e gênero, perspectiva decolonial e interseccionalidade. Expomos como podemos pensar a partir destas problematizações as experiências familiares de pessoas que se situam no avesso ou nas margens da cisheteronormatividade e discutir sobre a diversidade que compõe a família, para além de uma visão restritiva deste termo. OBJETIVO: Fazer uma crítica construtiva à TFS, apontando o apagamento que esta disciplina possui em relação às vivências de pessoas LGBTQIAP+ (lésbicas, gays, transexuais e travestis, queer, intersexo, assexuais, pansexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero). METODOLOGIA: O artigo possui caráter ensaístico e sustentado em um material empírico oriundo de entrevistas de caráter biográfico/trajetórias de vida. Propomos aqui a perspectiva queer e decolonial, aliada à interseccionalidade como estratégia de análise de histórias de vida a fim de compreender os arranjos familiares de mulheres lésbicas, bissexuais e pansexuais. RESULTADOS: As entrevistadas demonstraram múltiplas realidades, baseando-se tanto em vivências de violência quanto de aceitação em suas famílias de origem, focando suas jornadas na construção de laços de apoio com suas famílias escolhidas, criando relações de irmandade entre amigas. CONCLUSÕES: A TFS poderia ampliar seu olhar e escrita sobre a população LGBTQIAP+, utilizando-se da decolonialidade/perspectiva queer e interseccionalidade como potente guia de análise das relações familiares, visto que as histórias de vida dessas mulheres concentram-se em lidar com discriminações e desafios associados aos seus diversos marcadores sociais da diferença.