Estigma social e estigma internalizado: a voz das pessoas com transtorno mental e os enfrentamentos necessários

Abstract

Resumo O estigma internalizado ocorre quando o indivíduo tem consciência do estigma a ele atribuído, concordando e aplicando a si próprio os estereótipos negativos sobre sua doença. A internalização do estigma agrava os sintomas do transtorno mental, levando a isolamento, sentimentos de baixa autoestima, culpa e autorreprovação. Buscou-se produzir mais conhecimentos acerca dessa temática, a partir da visão das pessoas com transtorno mental que participam de ações visando construir coletivamente soluções no cuidado em saúde mental. Com o objetivo de analisar o processo de estigma e estigma internalizado, realizou-se pesquisa qualitativa, com entrevistas semiestruturadas. Os resultados revelaram que o estigma internalizado tem efeitos negativos no indivíduo, e que a família tem forte influência nesse processo.

Transtorno afetivo bipolar: sentimentos, estigmas e limitações

“…18 It was noted, however, that some individuals with BAD cease to exercise their participatory power in conversations, dialogues and everyday issues, due to the characteristics of the disease or due to the clinical condition, especially when there is no continuous treatment, or even due to biased conception and lack of credibility on the part of people for believing that individuals with mental disorder are incapable and incompetent. 19 It was identified that fear and shame, linked to insecurity and unpredictability of behavior of people with BAD, corroborate the psychological distress of caregivers. In addition, the rejection and abandonment of people with BAD by some family members also occur due to impatience and misinformation about this mental disorder.…”

Caracterização das pessoas atendidas em ambulatórios de saúde mental

“…Assim, a visão negativa para com esses indivíduos, criada socialmente, estabelece a concepção do louco enquanto perigoso, incapaz, irracional, legitimando-se a exclusão daquela pessoa na justificativa de uma condição de 'não cidadão', 'não sujeito'. Isso reflete diretamente em uma maior dificuldade de criar relações (Nascimento & Leão, 2019;Oliveira & Silva, 2014;Peixoto et al, 2017). Percebe-se que, apesar das modificações ao longo dos anos, a concepção da loucura permanece marcada pelo estigma que promove a exclusão dos indivíduos (França & França, 2016), consequentemente podendo afetar os relacionamentos.…”

Avaliação da autoestima em pessoas com esquizofrenia

“…A visão sobre si, através de pensamentos e sentimentos, sobre valores, competência, confiança e capacidade frente às adversidades é o conceito de autoestima, que poderá ser de natureza positiva ou negativa. No caso das pessoas com esquizofrenia, a baixa autoestima é produto do estigma internalizado, situação na qual a própria pessoa credita o estigma a sua situação de saúde (Paixão et al, 2019;Nascimento, Leão, 2019;Silva, 2019).…”

“…Na experiência da baixa autoestima pela condição do diagnóstico de esquizofrenia, e da necessidade de instituir um mecanismo de proteção para manter a vida em sociedade, o indivíduo realiza tentativas de encobrir sua própria identidade, situação que culmina em grande sofrimento pelo impacto negativo desse comportamento na tentativa de não vivenciar a rejeição (Godoi, Garrafa, 2014;Nascimento, Leão, 2019).…”