A circulação dos saberes e práticas psicanalíticas nas ciências sociais

Abstract

Resumo Trata-se de apresentar um quadro ao mesmo tempo abrangente e sintético da circulação dos saberes e práticas da psicanálise nas ciências sociais, com ênfase na antropologia. Exploram-se os diferentes contextos em que os conceitos e concepções da psicanálise foram lidos, recusados ou apropriados pelas escolas de pensamento e tradições intelectuais nacionais, assim como as formas pelas quais a própria psicanálise dialogou com o conhecimento antropológico e com suas incorporações do conhecimento psicanalítico. Faz-se referência às interpretações desses dois grandes grupos de saber como partícipes de um comum horizonte cultural e comum orientação epistemológica, tanto quanto às fontes dos frequentes equívocos ocorrentes em seus diálogos.

Vírus, cachimbos e cuidados

“…Seja uma troca de ideias, ou o sobe e desce de escadas para pegar sabonetes, shampoo e toalha para um banho. Afinal de contas, podia me sentir amparado no artigo de Luis Fernando Dias Duarte (2017) em que ele trava as similaridades entre o fazer antropológico e a psicologia analítica. Ambas estas atividades consistem fundamentalmente na escuta, e ambas nos colocam frente a frente com a outridade, com a alteridade do outro.…”

Uma (con) figuração social

“…Pierre Bourdieu e sua noção de habitus e campo, Jurgen Habermans com a teoria da ação comunicativa, Clifford Geertz com seus estudos atrelando cultura e estrutura simbólica, como possibilidades para refletir sobre a saúde. (37) introduziu a relativização e a contraposição à biomedicina. 31 Passamos rapidamente por essas abordagens, pois não cabe nos determos sobre as correntes teóricas, mas temos que enfatizar que a 2ª Escola de Chicago e os interacionistas simbólicos trabalharam arduamente sob uma perspectiva da microssociologia, ao abordar temas da vida cotidiana.…”

“…Isto a distingue de todas as demais esferas da cultura que também exigem submissão e dedicação (pág. 438) 37 .…”

“…As teorias possuem um lugar, um tempo e um sujeito que as produz, idéia reiterada pelas chamadas epistemologias externalistas. Estas enfatizam a ciência como um 37 No trecho citado as aspas foram colocadas pelo autor. 38 A idéia expressa por Weber, das contribuições científicas deve ser respeitada e considerada, mas, nos dias atuais, podemos questionar alguns posicionamentos relacionados ao modo como o conhecimento é gerado e veiculado e quais os interessem em jogo na/para a produção de determinado discurso científico, ou seja, quais são as relações de poder e os personagens portadores de maiores ou menores poderes e quais as instituições públicas e suas relações com as indústrias privadas que acaba por favorecer um tipo de pesquisa, uma metodologia, algumas áreas mais do que outras.…”