Violência no cuidado em instituições de longa permanência para idosos no Rio de Janeiro: percepções de gestores e profissionais

Abstract

Resumo No Brasil, instituições de longa permanência para idosos (Ilpi) são o principal equipamento prestador de cuidados prolongados para idosos em situação de vulnerabilidade social ou fragilidade de saúde. Este estudo buscou analisar as percepções de gestores e profissionais que atuam em nove Ilpi de diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro acerca da institucionalização, das dificuldades para realizar os cuidados preconizados e de como melhorá-los. Foi feito um estudo qualitativo, que analisou 38 entrevistas semiestruturadas: nove com gestores e 29 com profissionais. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temática, buscando compreender nos relatos quais são os principais desafios para garantir um cuidado atento e digno nessas instituições. Constatou-se que a violência é um grande obstáculo, que atua na contramão do cuidado preconizado. Ela manifesta-se de diferentes modos na realidade institucional: sob a forma de negligência e abandono antes da institucionalização, mas também no interior das Ilpi; nos preconceitos contra idosos; na visão negativa da velhice; na infantilização e despersonalização daqueles que acolhem; e no contexto macropolítico, pela ausência ou não cumprimento das ações previstas nas políticas públicas de atenção ao idoso ou na falta de legislações que atendam às suas necessidades. Políticas são necessárias e precisam ser implementadas. Para isso, deverá haver mais investimento, sobretudo na capacitação dos profissionais, para que os cuidados de longa duração sejam prestados dignamente à população idosa.

Symbolic violence on social media: Covid-19 and the elderly

“…Violence against the elderly is an important public health problem which has followed the growth of this population, causing physical and mental illness (Poltronieri et al, 2019, Bourdieu, 2012. The undercovered, subtle, disguised violence, against the elderly in the COVID-19 memes, expressed while imposing social distancing and legitimized in the discourse of caring and well-being, has been clearer as the epidemic advances.…”

“…There are high violence levels in urban areas happening in countless ways. Elderly abuse has increased singularly in the cities and among social classes (Poltronieri, Souza & Ribeiro, 2019). Violence is the rupture of the victim's integrity in any form: physical, psychological, sexual, and/or moral (Guedes et al, 2015).…”

O cuidado ao idoso com transtorno mental em uma instituição de longa permanência no Sudoeste de Minas Gerais: relatos de cuidadores e equipe de enfermagem

“…Em relação à escolaridade dos participantes, constata-se que 62,5% (n=5) possuíam o ensino médio completo, 25% (n=2), ensino superior incompleto, e 12,5% (n=1), ensino superior completo, achados que também foram encontrados em outros estudos 11,[15][16]19 . Quanto maior a escolaridade de quem cuida, maior a possibilidade de auxiliar na medicação, receber e transmitir orientações médicas, acompanhar consultas, entre outras situações pertinentes à assistência às pessoas idosas [17][18] .…”

“…"Eu em sinto insegura porque eu não tenho tanta preparação assim pra cuidar de uma pessoa com transtornos mentais." (Entrevistada 1) "Me sinto desestruturado e sem recursos... ''Não, não me sinto preparada, não [risos], a gente tem bastante dificuldades assim, às vezes a gente O cuidado ao idoso com transtorno mental vai na loucura deles, tipo segue a loucura deles, eles tão escutando aquilo lá então a gente vai, a gente não tenta... é... tipo ir contra, que não existe, não é isso, a gente não fala isso, mas a gente não sabe o que é o certo, se a gente tem que ir contra eles, ou se a gente tem que ir a favor deles, se tem que dar corda para o que eles tão falando, entendeu.. Pôde-se observar, no presente estudo, que mais da metade dos entrevistados, segundo as suas próprias verbalizações, não se sentiam capacitados para o cuidado ao idoso com transtorno mental, fato este que se assemelha a outros estudos [16][17]19,[24][25] .…”

“…Essa parece ser a realidade de muitos trabalhadores nas ILPIs filantrópicas, sinalizando que a capacitação, a formação ou, até mesmo, a sensibilização em gerontologia ainda se constitui um desafio 19 , quer seja pela falta de recursos financeiros, quer seja pelo entendimento, especialmente por parte da gestão dessas organizações, de que o cuidado ao idoso institucionalizado se limita à higiene, à alimentação e à administração de medicamentos 16 . Tal representação acerca da formação/capacitação dos profissionais tem raízes históricas e culturais que remetem à criação das primeiras instituições asilares, de caráter caritativo e benevolente, o qual se opõe às atuais políticas de atenção à pessoa idosa e ao tipo de cuidado esperado em uma ILPI 16,19,24 .…”