A saúde no contexto de uma reserva de desenvolvimento sustentável: o caso de Mamirauá, na Amazônia Brasileira

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é analisar as condições de vida e saúde de ribeirinhos de oito comunidades da Reserva Mamirauá, a partir da categoria de análise da Reprodução Social de Juan Samaja. Seu método é descritivo, e foram utilizados questionário estruturado, observação direta e análise documental. A pesquisa identificou baixo envolvimento dos ribeirinhos em relação ao controle social e ao apoio comunitário, o que indica problemas na interação biocomunal e política. O atendimento às demandas sociais está organizado de forma conflituosa, uma vez que várias instituições que atuam nesse território não se articulam. A interação da dimensão política com a tecnoeconômica apresentou Razão de Prevalência <1,0 nas comunidades em que o Instituto Mamirauá promoveu maior diversificação das atividades. Contudo, os rendimentos para subsistência sofrem forte variação e não alcançam a soma de 1 salário mínimo em 60,6% das famílias. Foram observadas elevadas frequências em queixas de saúde (78,8%) e acidentes de trabalho (70,9%) e, quanto à avaliação dos serviços, 54 % dos ribeirinhos deram nota inferior a 2 pontos. Concluímos que os processos sociais que determinam as situações de saúde dos ribeirinhos de Mamirauá são oriundos da estrutura de poder configurada pelas práticas territorializadas das políticas ambiental e indígena, e pelos programas de saúde pública, cuja sobreposição tem produzido interações conflituosas no que diz respeito às competências e responsabilidades com a atenção à saúde. O apoio à cogestão da Reserva foi pontual e, dessa forma, pouco alterou os resultados danosos dessa estrutura social sobre os grupos mais vulneráveis.

The sustainable development goals in two sustainable development reserves in central amazon: achievements and challenges

“…In 1991 the infant mortality rate was 86 per 1000 live births; this rate dropped to 28 per 1000 in 2011 [ 12 ]. In 2014 this rate reached 15 per 1000 in some municipalities of the region [ 21 ]; and in 2018, was further reduced to 14 per 1000 live births—being for the first time lower than the Amazonas State rate, 17 per 1000 [ 11 ]. Together with the reduction in infant mortality there was also a reduction in the number of children per woman; from an average of 10 in 2001 [ 22 ] to five children per woman in 2018 [ 11 ].…”

“…Deforestation and land use and environmental changes affect the dynamics of these diseases [ 23 ]. Those diseases occur in combination with a large prevalence of gastrointestinal disorders in the region [ 21 ]. Each dollar invested in water and sanitation saves 4.3 dollars in public health; specifically in Brazil, this cost–benefit ratio is 8.93 for investments in sanitation and 2.5 for water [ 24 ].…”

Mathematical and Computational and Modeling for Leprosy’s Dynamics

“…In a recent study, researchers from the Mamirauá reservoir in Amazônia state that: "... since the region is endemic with a high risk of malaria transmission, tuberculosis and leprosy (six cases). The incidence of leprosy is high in Uarini (15.5 / 100,000 inhabitants in 2015) and hyperendemic in Fonte Boa (47 / 100,000 inhabitants in 2015)" (MEDEIROS et al, 2018). The present work contributes to the research on the subject, proposing that, based on the schematic model already mentioned, the corresponding system of equations, presented below, can be solved, for example, by numerical methods (BURDEN & FAIRES, 2011).…”

Caracterização de quintais e aspectos socioeconômicos de moradores que cultivam plantas medicinais em um assentamento rural

“…No processo de uso sustentável da biodiversidade amazônica, o quintal é considerado uma das formas mais antigas de manejo da terra, o termo é utilizado para se referir ao terreno situado ao redor da casa, definido, na maioria das vezes, como a porção de terra próxima à residência, de acesso fácil e cômodo, na qual se cultivam ou se mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais da família, bem como outros produtos, como lenha e plantas medicinais (Amaral & Guarim Neto, 2008). Nesta perspectiva, o levantamento de variáveis socioeconômicas é fundamental para análise desse conhecimento, pois o uso de plantas medicinais é ressaltado em função da deficiência de acesso ao atendimento médico local, podendo ser entendido por meio da busca por práticas alternativas (curandeiras e rezadeiras) perante a insatisfação com os serviços de saúde públicos (ou privados) e, até mesmo, decorrente do descrédito na medicina (Gomes & Lima, 2017;Medeiros et al, 2018;Barreto et al, 2020).…”