Vivenciando o racismo e a violência: um estudo sobre as vulnerabilidades da mulher negra e a busca de prevenção do HIV/aids em comunidades remanescentes de Quilombos, em Alagoas

Abstract

OBJETIVO: Analisar as formas de violência racial e de gênero e o comportamento das mulheres quilombolas diante das DST/aids em Comunidades Remanescentes de Quilombos em Alagoas. MÉTODOS: Abordagem qualitativa, a partir de 10 grupos focais, constituídos de 12 a 18 mulheres, com idade variável entre 16 a 55 anos, em que foram abordadas as temáticas gênero, racismo, violência doméstica, exame ginecológico preventivo, uso das Unidades Básicas de Saúde (USB) e do Programa Saúde da Família (PSF), doenças sexuais transmissíveis, parcerias sexuais, uso de camisinha, uso de drogas. O aporte teórico foi da fenomenologia de base existencialista proposta por Merleau-Ponty e o referencial foucaultiano. RESULTADOS: A análise dos depoimentos apontou que um acentuado contingente de mulheres padece de violência doméstica em níveis físico, sexual, psicológico, patrimonial e moral. Quanto ao racismo, as mulheres quilombolas disseram ser vítimas de preconceito racial, com expressões de subestimação, humilhação na rua, na escola, em festas, em atendimento em postos de saúde. Evidenciou-se um grau alto de vulnerabilidade à infecção por DST/aids e outros agravos, pela ausência de uma política de saúde mais efetiva e de um trabalho educativo nessas comunidades. CONCLUSÕES: Os dados obtidos revelaram as precárias condições de vida, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a falta de prática preventiva para as doenças sexualmente transmissíveis. Faz-se necessária uma intervenção efetiva e perene dos organismos do Estado na área da educação, da saúde, visando à promoção da equidade, racial e de gênero e à saúde das mulheres quilombolas.

Epidemiological overview of HIV/AIDS in pregnant women from a state of northeastern Brazil

“…To analyze the evolution of the cases of HIV-infected pregnant women, we observed an important phenomenon for the current time of the AIDS epidemic in Brazil, which, for decades, was linked to homosexuality; however, its dissemination reached various social segments. For years, groups and/or risk behavior were described, but nowadays, they report a framework marked by heterosexualization and feminization processes (35)(36)(37) . This new scenario demands the recognition of the vulnerability conditions of women to HIV (12) .…”

Condom use in Brazil: An overview of the academic production on HIV/AIDS prevention (2007-2011)

“…Different data-gathering techniques were used: Riscado, Oliveira and Brito (2010) and Reis and Bernardes (2011) M. C. P. Sousa et al (2008) circumscribed the context of adult women in steady conjugal relationships who were living in a low-income region on the periphery of Teresina, state of Piauí. To identify these women's vulnerability to HIV, the researchers looked into whether they were using condoms, the gender relationships that they experienced with their partners and the actions implemented within the Family Health Program (FHP) [Programa de Saúde da Famí-lia] in this context.…”

“…In the same direction, Riscado et al (2010) conducted a study among women in remnant communities of former slaves, known as Quilombos, in the state of Alagoas, and found that these women had a signifi cant lack of knowledge of the importance of condom use, along with resistance to the adoption of this practice and diffi culties related to the need for their partner's permission to do so. According to these researchers, the high degree of vulnerability of these women to STI/AIDS was linked to their context, marked by precarious living conditions, high levels of occurrence of domestic violence and racism (experienced in different contexts of social and institutional relationships), diffi culties in accessing healthcare services, lack of any effective healthcare policy and lack of educational work in such communities.…”

Uso de preservativo en Brasil: Una mirada a la producción académica sobre la prevención de VIH/SIDA (2007-2011)

“…Siguiendo esa línea, Riscado et al (2010) realizan un estudio con mujeres en comunidades restantes de Quilombos en Alagoas, entre la cuales encontraron un signifi cativo desconocimiento de la importancia de la utilización del preservativo, así como la resistencia para la adopción de esa práctica y difi cultades relacionadas a la necesidad de autorización por parte de la pareja masculina para ello. Para los investigadores, el alto grado de vulnerabilidad de esa mujeres a las ITS/sida está ligado al contexto marcado por condiciones precarias de vida, incidencia elevada de violencia doméstica y de racismo (vivido en diferentes contextos de relaciones sociales e institucionales), difi cultades de acceso a los servicios de salud, ausencia de una política de salud más efectiva y de un trabajo educativo en tales comunidades.…”