Religiões e saúde: a experiência da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde

Abstract

ResumoEste artigo visa mostrar a experiência da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde na construção de uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), as práticas terapêuticas utilizadas pelos terreiros e as relações da religiosidade afro-brasileira com os agravos e as doenças. A importância dos cuidados com o corpo para as religiões afro-brasileiras foi o ponto de partida para a realização da experiência do agir em rede, em que as lideranças das religiões de matrizes africanas vivenciaram situações que possibilitaram entender o funcionamento do SUS, avaliar os serviços prestados a população e reconhecer a importância do controle social das políticas públicas de saú-de. Em contrapartida, mostra também o estabelecimento de um canal de interlocução que possibilitou aos sacerdotes e sacerdotisas da tradição religiosa afro-brasileira uma aproximação maior dos gestores e profissionais de saúde facilitando o diálogo e a proposição de ações em saúde que respeitassem a cultura e a visão de mundo dos terreiros. Finalmente apresenta alguns dos resultados e desafios enfrentados pela Rede Nacional de Religiões e Saúde na sua trajetória de ações em parceria com o SUS. Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras; Saúde da população negra; Controle social; Práticas terapêuticas. José Marmo da Silva

Saúde e Doenças na Religião de Matrizes Africanas

“…(SILVA, 2007) A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) que foi aprovada em novembro de 2006, pelo Conselho Nacional de Saúde, e a sua execução continua sendo muito importante para a redução das desigualdades raciais em saúde e para o combate ao racismo institucional e outras formas de intolerância.…”

Os sentidos da relação entre saúde mental e religiosidade para profissionais de saúde da família em Ilhéus – Bahia

“…Neste estudo, além da cura, destacam-se outras implicações sociais contidas nos espaços de religiosidade, como a que se refere ao ambiente acolhedor, o qual "às vezes, possibilita sentidos de acolhimento, um lugar onde as pessoas possam se sentir bem aceitas, integradas em laços de amizade e entendimento" (14) . Outros achados da literatura pontuam também aspectos favoráveis: a redução ou negação do estigma social decorrente das rotulações positivas empregadas ao doente, a qual alivia o impacto da crise e contribui para sua recuperação; a proximidade da dinâmica religiosa e da dinâmica familiar, privilegiando a participação desta última no projeto terapêutico; a promoção da aproximação ou reaproximação família/doente mental, por meio de um conjunto de prescrições, obrigações rituais e morais que, em muitos casos, envolvem ações solidárias (1,13,(15)(16) ; a convergência com a ideia da Reforma da Atenção Psiquiátrica (6) , no sentido de priorizar o atendimento ao doente mental em locais onde seja possível a liberdade e reconstrução da sua cidadania e a ativação de "recursos escondidos da comunidade" a favor da saúde mental (14,17) ; e construção de parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) (6,18) . Dessa forma, quando a pluralidade dos centros religiosos é indicada pelos participantes deste estudo, isto possibilita uma compreensão da loucura que perpassa por essa diversidade de saberes, práticas, emoções e atitudes expressas, implicando na necessidade de entrelaçamento entre estes e a ciência.…”

Atenção à saúde em uma comunidade tradicional de terreiro

“…Communities of followers of traditional African-Brazilian religions -common territories of preservation and cult of African-derived and African-Brazilian religions -are places for welcoming and counseling of historically excluded groups, 17 among which is the black population. According to Silva, 17 ritual practices and interpersonal relationships brought about in the community enable welcoming, emotional exchanges, construction of knowledge, health promotion and prevention, and renewal of traditions, such as the therapeutic use of plants.…”

“…According to Silva, 17 ritual practices and interpersonal relationships brought about in the community enable welcoming, emotional exchanges, construction of knowledge, health promotion and prevention, and renewal of traditions, such as the therapeutic use of plants.…”

“…Research performed with the main databases indexed in the international scientifi c literature found only one study on this issue performed in Brazil. 17 In view of this, the present study aimed to understand the concept of health and the source of psychological distress in followers of a community of a traditional African-Brazilian religion.…”