Resumo: Neste artigo, busca-se compreender a especificidade da recente política cultural do Ministério da Cultura (MinC) para o fomento da economia criativa no país. Buscando estabelecer um parâmetro para realizar futuras pesquisas comparativas em políticas culturais, defende-se que a abordagem do MinC à economia criativa difere da de outros países na medida em que alinha esse ministério às políticas neodesenvolvimentistas dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). A partir de uma comparação com o caso britânico, analisase o Plano da Secretaria da Economia Criativa 2011-2014 a fim de demonstrar a construção de um conceito local e neodesenvolvimentista de economia criativa. Conclui-se que há diferenças entre as concepções de políticas culturais adotadas mesmo que sob a bandeira da economia criativa.Palavras-chave: economia criativa; desenvolvimento; políticas culturais.
Abstract:The goal of this article is to understand the specificity of the recent cultural policy implemented by the Ministry of Culture of Brazil (MinC) for the development of the creative economy in the country. Aiming to establish a parameter to conduct further comparative research on cultural policies, it is argued that the approach of MinC to the creative economy differs from that of other countries in that it aligns this ministry to the neodevelopmentalist policies of the Brazilian Labour Party governments (Partido dos Trabalhadores, PT).
Establishing a comparison with the British case, we analyze the Secretariat of theCreative Economy Plan 2011-2014 in order to demonstrate the construction of a local and neo-developmentalist concept of the creative economy. We conclude that there are differences between the conceptions of cultural policies adopted even under the banner of the creative economy.Key Words: creative economy; development; cultural policies.
IntroduçãoA criação da Secretaria da Economia Criativa (SEC), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), pode ser considerada um acontecimento relevante na história das políticas culturais no Brasil, por variados motivos. Um deles é que tal secretaria assume a responsabilidade de lidar com um polêmico termo que, porém, tornouse inescapável no cenário internacional de políticas culturais. Outro é que a SEC busca desenvolver uma abordagem própria à economia criativa, particularmente alinhando essa nova política cultural ao conjunto de políticas econômicas e sociais adotadas pelos recentes governos petistas. O resultado disso parece ser a proposta de uma política cultural "neodesenvolvimentista", que coloca a cultura -1 A versão original deste artigo foi apresentada no GP Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura do XII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação do XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom).