Assistimos à emergência de um novo campo de estudos sociais que transcende a "grande divisão" disciplinar pretendida pela economia perante as demais ciências sociais ao longo do século XX (Florence Weber, 2009: 30; Neiburg, 2010: 230). Trabalhos recentes propõem abordar desde a problematização da denominada economia solidária (Motta, 2010), como a própria noção de mercado (Lorenc Valcarce, 2012; Callon, 1998) e os considerados mercados "alternativos" ou de escambo (Luzzi, 2005). Pode-se assinalar também estudos sobre o consumo (Figueiro, 2013;Miller, 1998), a proliferação dos sistemas de créditos e as novas tecnologias financeiras (Müller, 2014;Wilkis, 2014), os processos inflacionários (Neiburg, 2005(Neiburg, , 2007(Neiburg, , 2008 e, inclusive, as crises econômicas locais e internacionais (Théret, 2007;Lapavitsas, 2009).Estas indagações têm sido acompanhadas pelo desafio de reabilitar os significados do dinheiro para além do restrito âmbito econômico e de sua capacidade como meio de mudança, forma de pagamento e reserva de valor (Théret, 2008). Desde a metade do século XX, a literatura antropológica e sociológica tem demonstrado os usos múltiplos do dinheiro e seu caráter irredutível a apenas uma esfera social -o mercado -e a um tipo de vínculo social -as relações mercantis (Polanyi, 1957; Dalton, 1967; Bohannan, 1967). A antropologia econômica indicou de modo pioneiro que as transações mediadas pelo dinheiro ultrapassavam os espaços sociais denominados como "mercado".Observa-se atualmente um campo de estudos consolidado em torno de uma sociologia&antropologia | rio de janeiro, v.05.03: 883 -910, dezembro, 2015 http://dx