Purple hibiscus, primeiro livro da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, é um romance de temática feminista sobre a conquista da própria voz e do rompimento com a submissão e o silêncio impostos pelo patriarcado, pela religião e pelo conservadorismo. Tomando por base as teorias da Tradução Feminista, sobretudo de Simon (1996) e Von Flotow (1997 e 2012), investigo de que forma as marcas de feminismo na obra foram abordadas na tradução para o português do Brasil. A pesquisa inicia-se pela biografia da escritorasua conexão com a literatura póscolonial e militância feminista -, seguindo para os vários conceitos e vertentes do feminismo. Na sequência, apresento uma análise quali-quantitativa dos termos referentes aos campos lexicais do olhar e do falar no texto de partida, tomados como indicadores do desabrochar da liberdade, e proponho alternativas à tradução de Hibisco roxo, elaboradas com o intuito de reforçar as marcas feministas. Ao final, traço um histórico da Tradução Feminista, indicando novas tendências que estão a florescer. Este trabalho trata sobre a liberdade. Sobre vozes abafadas e inaudíveis que, aos poucos, começam a se fortalecer e a serem notadas, até aflorarem completamente.É uma pesquisa sobre a luta da mulher por independência e visibilidade, em uma sociedade patriarcal que, desde os primórdios, coloca-a em uma posição assessória, inferior e incompleta em si mesma. É sobre a liberdade do ato da tradução, da autonomia da tradutora para fugir da invisibilidade e da submissão, de manipular o texto e fazer sua voz ser ouvida pelo leitor. E é também sobre o processo de conquista da liberdade pelos personagens de Purple hibiscus, e de como essa conquista está associada à militância feminista de sua autora.