Relações de gênero, meio ambiente e a teoria da complexidade

Abstract

Introdução -o EcofeminismoAssistimos hoje a diversas tendências e debates no Brasil e no mundo que, de um lado, afirmam a diversidade feminina e propõem uma abordagem específica para a crise ambiental, destacando a conexão especial das mulheres com a natureza, e, de outro, criticam a referência a essa conexão como um possível reforço à exclusão das mulheres da cultura, um perigo para as conquistas feministas, ao mesmo tempo que propõem a igualdade entre os gêneros.No sentido de apontar algumas possibilidades para a superação das visões simplificadoras, como parece ser o caso desse impasse teórico, este trabalho analisa a contribuição específica do ecofeminismo, movimento social que surgiu no início dos anos 90 do século XX, 1 ao debate teórico já travado entre feministas e ecologistas, 2 cujo ponto de divergência fundamental é a associação da mulher à 1 Irene DIAMOND e Glória 2 Christine CUOMO, 1994.

Influência da demografia sobre a consciência ambiental e consumo ecológico

“…Este resultado se difere dos achados de Gilg, Barr e Ford (2005) A maior consciência ambiental das mulheres pode fazer com que elas possuam uma maior propensão ao consumo ecológico. Destaca-se que este fenômeno pode ter em suas raízes uma forte influência dos movimentos do início dos anos 90, onde as mulheres se envolveram fortemente com as questões ligadas ao meio ambiente (DI CIOMMO, 2003;SOARES, 1998;TORNQUIS;LISBOA;MONTYSUMA, 2010). Desta forma, mesmo que alguns estudos, do início e meados da década de 2000, não apresentem diferenças entre homens e mulheres, conforme Molina e Durana (2003) e Gilg, Barr e Ford (2005), este fenômeno pode ser mais recente, conforme Rocha (2011), Sarkar (2011) e .…”

“…Os estudos que investigam as relações do público feminino com os aspectos sociais e ambientais indicam que as mulheres possuem um alto grau de consciência ambiental (DI CIOMMO, 2003). Para o autor este maior interesse pelo consumo consciente por parte das mulheres ocorre desde o início dos anos 90 em decorrência do movimento ecofeminista.…”

“…Além do entendimento sobre os aspectos comportamentais, outras questões ligadas com as variáveis demográficas dos indivíduos, e como estas variáveis podem afetar a conduta e o comportamento em relação ao meio ambiente, ainda são pontos que carecem de investigações (BALDERJAHN, 1988;DI CIOMMO, 2003;EAGLY, 1987;OKAMOTO, 1996;SOARES, 1998;STERN;DIETZ;KALOF, 1993;TORNQUIS;LISBOA;MONTYSUMA, 2010). A partir destes argumentos este estudo se pauta na seguinte questão de pesquisa: quais as influências dos fatores demográficos sobre o grau de percepção de consciência ambiental e de consumo ecológico?…”

Mulheres atingidas por megaprojetos em tempos de pandemia: conflitos e resistências

“…Outra estratégia encontrada nesse sentido é a apropriação da problemática de gênero de forma a antecipar e neutralizar a crítica, nesse caso, a partir dos movimentos feministas. Essa apropriação no campo dos conflitos ambientais tende a reforçar a perspectiva de que em decorrência das suas funções biológicas e, portanto, do "instinto maternal", as mulheres são mais próximas da natureza, sendo mais sensíveis, cuidadosas, e mais preocupadas com o ambiente que os homens (DI CIOMMO, 2003). A mulher é, portanto, apresentada como a salvação da Humanidade e da conservação da natureza (BARRAGÁN et al, 2016).…”

As Contribuições da Educação Biocêntrica para a Igualdade de Gênero / Contributions of Biocentric Education for Gender Equality

“…A partir da compreensão sobre os conceitos de gênero procuro uma aproximação com outras perspectivas para relacionar as categorias com a Educação Biocêntrica. Nesse sentido, um estudo de Regina Célia Di Ciommo (2003) reflete sobre as contribuições do movimento feminista, apontando a perspectiva do Ecofeminismo, movimento social surgido no início da década de 1990 pelas feministas adeptas do ecologismo. Essa autora defende uma teoria ambientalista crítica, pautada na ética dos seres humanos para com o meio ambiente, que compreende um "[...], movimento político que representa a disposição das mulheres de, ao superar a anterior inclusão desvalorizada na natureza reagirem contra sua antiga exclusão da cultura e colocarem-se ao lado da natureza contra as formas destrutivas e dualísticas da cultura" (DI CIOMMO, 2003, p.424).…”