A Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau -RESEX Corumbau, localiza-se na Costa do Descobrimento, ao sul do estado da Bahia, região que abriga remanescentes importantes da Mata Atlântica, em ecossistema de rica biodiversidade e que faz parte do Patrimônio Mundial definido pela UNESCO desde 1999.As zonas costeiras do sul do Estado da Bahia experimentaram mudanças ambientais e sociais nos últimos dez anos. A pesca industrial intensa passou a explorar os estoques marinhos locais sem respeitar os processos ecológicos e a biodiversidade. O turismo também iniciou uma demanda que induziu a ocupação desordenada do solo, sem que a infraestrutura urbana acompanhasse o aumento dos efluentes domésticos e a produção de lixo, afetando os manguezais e margens dos rios.Em 1998, um grupo de pescadores artesanais de nove comunidades dos municípios de Prado e Porto Seguro uniram-se para criar uma Unidade de Conservação que protegesse a região da pesca predatória do camarão praticada pelas frotas industriais. Foi criada então a Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau, área de domínio público com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000). A criação da RESEX Corumbau tem por objetivo garantir a exploração auto-sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis tradicionalmente utilizados pela população extrativista da área. Essas comunidades litorâneas mantëm um sistema de saberes e gestão tradicional dos recursos costeiros que justifica o reconhecimento de seu direito a esse território. Sua permanência nessas áreas significa não somente o reconhecimento da importância e a proteção de seu conhecimento, mas a manutenção da diversidade cultural (DIEGUES, 2004).
Introdução -o EcofeminismoAssistimos hoje a diversas tendências e debates no Brasil e no mundo que, de um lado, afirmam a diversidade feminina e propõem uma abordagem específica para a crise ambiental, destacando a conexão especial das mulheres com a natureza, e, de outro, criticam a referência a essa conexão como um possível reforço à exclusão das mulheres da cultura, um perigo para as conquistas feministas, ao mesmo tempo que propõem a igualdade entre os gêneros.No sentido de apontar algumas possibilidades para a superação das visões simplificadoras, como parece ser o caso desse impasse teórico, este trabalho analisa a contribuição específica do ecofeminismo, movimento social que surgiu no início dos anos 90 do século XX, 1 ao debate teórico já travado entre feministas e ecologistas, 2 cujo ponto de divergência fundamental é a associação da mulher à 1 Irene DIAMOND e Glória 2 Christine CUOMO, 1994.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.