Sexualidade e estigma na saúde: uma análise da patologização da diversidade sexual nos discursos de profissionais da rede básica

Abstract

Resumo Investigamos conteúdos estigmatizantes nos discursos de médicos(as) e enfermeiros(as) sobre a saúde da população LGBTT em 32 unidades básicas de saúde do Centro-Oeste e Nordeste brasileiros. Partindo das noções de scientia sexualis em Foucault e de estigma em Goffman, analisamos a influência da patologização da sexualidade na racionalidade desses profissionais, enquanto geradores de discursos e posturas estigmatizadores que interferem na qualidade da atenção à saúde desta população. O resultado permitiu verificar que para os(as) entrevistados(as) a identidade dos membros da população LGBTT está vinculada ao conceito de grupo de risco, compreendida como uma condição causadora de doença e transtornos mentais, além de estar associada a comportamentos moralmente condenáveis. O estudo aponta para a necessidade de processos inovadores na formação profissional que busquem problematizar a racionalidade estruturante do processo estigmatizador, com vistas a qualificar a atenção.

Itinerários de travestis e transexuais no acesso ao tratamento hormonal no Amig (RJ) e caracterização dos usuários do serviço

“…Tem-se, como exemplo, o estupro 'corretivo', algo frequentemente vivido por homens trans 18 . O preconceito e a violência são resultado do estigma vivido por essas pessoas em uma sociedade em que a homo e a transexualidade são alvos de críticas e atos discriminatórios, uma vez que a heterossexualidade é o padrão 19 .…”

Itineraries of transvestites and transsexuals accessing hormonal treatment at the AMIG (RJ) and characterization of service users

“…One example is 'corrective' rape, something often experienced by trans men 18 . Prejudice and violence result from the stigma experienced by these people in a society in which homosexuality and transsexuality are targets of criticism and discriminatory acts since heterosexuality is the standard 19 .…”

Social Experiences, Discrimination, and Violence among Men Who Have Sex with Men in a Northern Brazilian Capital

“…Besides the physiological issues, it is necessary to evaluate if young people are prepared to deal with the discriminatory and stigmatizing process that they may suffer. At this stage, individuals dealing with prejudice and discrimination may become more vulnerable to mental disorders [ 32 ]. The first sexual intercourse often occurs during adolescence, a time when the individual does not yet have a set of conditions (emotional and/or knowledge) to allow him to handle situations that may bring consequences to his health or lacks the maturity to adopt good practices of prevention of STIs and AIDS [ 33 , 34 ].…”