2009
DOI: 10.1590/s0103-73312009000200016
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Biopolítica e medicalização dos anormais

Abstract: O artigo aborda a temática da medicalização dos sofrimentos e das anomalias comportamentais numa perspectiva histórica. Analisa a emergência de uma nova configuração epistemológica do saber psiquiátrico ocorrida na segunda metade do século XIX. Tomando como ponto de partida os estudos sobre biopolítica da população de Foucault e Agamben, as reflexões de Canguilhem sobre as fronteiras difusas da normalidade e o curso que Foucault dedica aos anormais, o artigo estuda o surgimento de uma psiquiatria ampliada rela… Show more

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“…A psiquiatria mudou radicalmente o seu objeto de estudo e suas formas de intervenção, abrangendo uma série de condutas que, até então, só tinham status moral, disciplinar ou judiciário. A partir daí, todas as condutas desviantes da norma social tornaram-se possíveis de ser psiquiatrizáveis (Caponi, 2009;Foucault, 2010).…”
Section: Psiquiatria: a Medicina Do Não-patológicounclassified
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“…A psiquiatria mudou radicalmente o seu objeto de estudo e suas formas de intervenção, abrangendo uma série de condutas que, até então, só tinham status moral, disciplinar ou judiciário. A partir daí, todas as condutas desviantes da norma social tornaram-se possíveis de ser psiquiatrizáveis (Caponi, 2009;Foucault, 2010).…”
Section: Psiquiatria: a Medicina Do Não-patológicounclassified
“…Caponi (2009), Foucault (2010), Lobo (2008), dentre outros autores, afirmam que a desalienação da psiquiatria foi possibilitada pela expansão da teoria da degeneração proposta por Morel, na qual diversas condutas tornaram-se possíveis alvos de intervenção médico-psiquiátrica (Caponi, 2009). Segundo os autores, com essa teoria iniciou-se um novo modo de intervenção sobre os indivíduos, colaborando para o surgimento de novas classificações de doenças, permitindo a expansão de um conjunto de patologias comportamentais na segunda metade do século XIX.…”
Section: Psiquiatria: a Medicina Do Não-patológicounclassified
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“…(Foucault, 2010c). Assim posto, inferimos que o campo da saude mental, enredado ao projeto da psiquiatria ampliada de medicalização de desvios cotidianos, representa uma estratégia biopolítica hegemônica de gestão dos sofrimentos psíquicos, uma vez que seus fundamentos se associam aos eixos centrais em relação aos quais se articula o conceito foucaultiano de biopolítica, quais sejam: a centralidade da norma e a oposição normalidade-patologia, a apreensão dos fenômenos vitais que caracterizam as populações por estudos quantitativos, a questão do risco e dos dispositivos de segurança a ele associados, o governo das populações como modelo de gestão que invalida o governo de si (Caponi, 2009(Caponi, , 2012a(Caponi, , 2012b.…”
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“…A partir das classificações das doenças mentais, elaboradas por Kraepelin, que ainda influenciam a psiquiatria moderna³, as doenças se originam e se manifestam no espaço do corpo humano. Em detrimento de todas as discussões e reflexões que surgiram a partir do movimento da Reforma Psiquiátrica, o discurso biomédico ainda rege as intervenções médico-psiquiátricas buscando normalizar as situações, tornando patológicos os indivíduos com condutas socialmente anormais 4 .…”
Section: Introductionunclassified