Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Resumo: Este artigo parte da área da educação, com atravessamentos na filosofia e na história para pensar as relações entre as práticas de escrita escolares e os modos de subjetivação. Para tanto, empreende-se uma pesquisa bibliográfica analisando-se produções acadêmicas que se debruçaram sobre a escrita escolar e examinando-se nesses materiais a regularidade da escrita operada como expressão/revelação de uma ideia e de si mesmo, como controle dos riscos e operada em certa velocidade. Tais regularidades são marcadas e asseguradas pela perspectiva da vontade de verdade e de um sujeito fundante. Essas práticas discursivas são problematizadas a partir de dois ferramentais analíticos foucaultianos: a ficção e a escrita tomada como técnica de si. Ambos são operados como possibilidades de se tomar a escrita como exercício de pensamento e de si, deslocando-se da escrita como expressão/revelação para a escrita como transformação, em se tratando dos modos de relação que assumimos com nós mesmos.Palavras-chave: escrita escolar, ficção, subjetivação, genealogia.Abstract: This article discusses the relations between practices of school writing and modes of subjectivation by intertwining education, history and philosophy. In this sense, a bibliographical research was carried out by analysing academic documents about school writing and problematizing the regularities of writing as expression/revelation of either an idea or the self, as risk control, and operated in a certain speed. These regularities are marked by the perspective of will of truth and an original subject. These discursive practices are problematized by means of two analytical Foucauldian tools: fiction and the writing taken as a technique of the self. Both are considered as possibilities to regard writing as an exercise of thought and of the self, shifting from writing as expression/revelation to writing as transformation, addressing the modes of relation we assume with ourselves.Keywords: school writing, fiction, subjectivation, genealogy.
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Um modo de entradaA relação entre a escrita e os modos de existência foram se deslocando desde a invenção da escrita. Pode-se pontuar o deslocamento da palavra poética e dramática entre os gregos à Palavra Sagrada e o texto da revelação com o cristianismo; a invenção da imprensa em 1450 em que a escrita se inscreve no processo de modernização do ocidente; a escolarização da escrita (Graff, 1990), entre tantos outros. Todavia, também mantém regularidades, quando pensamos como escrevemos, porque escrevemos, onde escrevemos e o quê escrevemos. Diz Skliar (2014, p. 133) sobre as razões do escrever e a escolarização:De um lado, uma aposta pela civilização, o pertencimento cultural, a utilidade, o emblema do sujeito livre, o domínio da língua, da identidade, da avaliação, dos dis...