Um caminho percorrido, a percorrer, a conhecer... Atualmente, avalio-me como uma profissional envolvida em um contínuo processo de construção e reconstrução de conhecimentos práticos e teóricos. Busco, por meio da pesquisa e do trabalho docente, em conjunto com meus pares, solucionar problemas e responder a questões na área da educação. Considero, como princípios básicos, aqueles cuja força mais íntima movimentam minha vida a cada dia, como mulher, mãe, viúva, filha, irmã, amiga e profissional da educação: a persistência e a esperança. Se pudesse voltar no tempo, resgataria uma época, quando cursava a quarta série, em que, mesmo sendo criança, já alfabetizava minha irmãzinha, a qual iria entrar na primeira série no ano seguinte. Eu a alfabetizava brincando de escolinha, pois não havia pré-escola pública naquela cidade. Desde então, a única certeza que tinha é de que um dia seria professora de verdade! Adorava aquele faz-de-conta, que, para mim, significava tudo o que entendia de seriedade. Acho que, de certo modo, com todas as dificuldades econômicas, sociais e culturais, fui trilhando esse caminho sonhado desde a infância. Se pudesse voltar no tempo mais um pouquinho, resgataria meus sete anos, quando, muitas vezes, acompanhava meus irmãos mais velhos à escola, assistia às aulas sentadas no chão, no assoalho, pois não havia carteiras sobrando. Prestava atenção em tudo e tentava fazer por imitação algumas coisas que os alunos faziam, que a professora solicitava. Eu era "ouvinte", não estava matriculada. A escola rural era composta de apenas uma sala de aula, um vasto campo, gramado e estava perdida em meio a uma paisagem de vegetação. Ficava próxima a uma estradinha rural, com uma área de mata nativa de um lado e, do outro, uma imensa plantação agrícola e pastos repletos de gados. Na sala de aula, a professora trabalhava com alunos desde a primeira até a quarta série. Havia uma fila de alunos para cada série. Eu me sentava no chão Em meados daquele ano, meus pais venderam sua propriedade rural e fomos todos morar na cidade. Na escola rural, não havia vagas para eu iniciar a primeira série. Quando chegamos à cidade, havia vaga, mas como eu não estava estudando, não estava matriculada em série alguma. Tive, então, que aguardar o término daquele ano. Somente com oito anos é que fui matriculada na primeira série. Com treze anos, obtive a autorização do juiz da vara da infância para estudar no período da noite, para que pudesse trabalhar durante o dia. Assim, todos os anos se seguiram com trabalho o dia todo e estudo à noite. Ao chegar ao Ensino Médio, não tive dúvida quanto à opção de curso: Magistério, curso que sempre almejei. Contudo, naquela cidade, o Magistério só funcionava no período da manhã, fato que me deixava em total desespero, porque precisava trabalhar e fazer o curso, simultaneamente. Após permanecer dois anos sem estudar, dei um jeito de sair da cidade para que pudesse realizar o curso com o qual me identificava, já pensando também na faculdade, que também não existia naquela cidade. Foi nesse período...