Chemotaxonomical aspects of lower Cretaceous amber from Recôncavo Basin, Brazil

Abstract

A composição química de amostras de âmbar provenientes da Bacia do Recôncavo (Salvador, Bahia), datadas do Cretáceo Inferior, foi determinada por meio de CG-EM para caracterização das suas possíveis fontes botânicas. Os principais compostos identificados foram diterpenoides, tais como abietano, deidroabietano, tetraidroreteno, deidroabietol, ácido deidroabiético, ferruginol e sugiol. Outras classes de diterpenoides ou triterpenos não foram detectados. A composição dos extratos e os dados quimiotaxonômicos permitiram relacionar as amostras com coníferas das famílias Podocarpaceae ou Cheirolepidiaceae devido à detecção do ferruginol, um biomarcador específico para estas famílias. Desta forma, os dados concernentes aos âmbares da Bacia do Recôncavo forneceram informações quanto à presença de uma flora resinífera na Formação Maracangalha, quando da deposição de seus sedimentos durante o Cretáceo Inferior.The chemical composition of Lower Cretaceous amber samples from Recôncavo Basin (Salvador, Bahia) was performed by GC-MS to characterize possible botanical sources. The compounds identified were hydrocarbonic and polar diterpenoids, such as abietane, dehydroabietane, tetrahydroretene, dehydroabietol, dehydroabietic acid, ferruginol and sugiol. Other diterpenoid classes were not detected as well as triterpenoids. The composition of the extracts and chemosystematic data allows relating the samples to conifers of Podocarpaceae or Cheirolepidiaceae families due to detection of ferruginol, a specific biomarker to these families. The data concerning Cretaceous amber in the Recôncavo Basin provided information concerning the presence of a resinous flora in the Maracangalha Formation sediments during the Lower Cretaceous.

Molecular composition, chemotaxonomical aspects and botanical origin of Brazilian amber

“…No caso de amostras de âmbar provenientes do Cretáceo, as principais fontes botânicas sugeridas são coníferas das famílias Araucariaceae, Podocarpaceae, Pinaceae, Cupressaceae e Cheirolepidiaceae. 19 Particularmente, o período Cretáceo foi caracterizado por uma maior diversificação e amplo predomínio das gimnospermas como principais componentes da flora. Desta forma, até o momento as ocorrências documentadas de âmbar do Cretáceo tiveram associação exclusiva com coníferas.…”

“…18 Recentemente, o mesmo composto foi detectado em amostras provenientes da Bacia do Recôncavo. 19 Neste caso, considerando a descoberta de que abietanos fenólicos são compostos presentes em resinas do extinto grupo Cheirolepidiaceae, 22 esta família também é uma possível fonte para os âmbares do Araripe e Recôncavo. Em outra amostra proveniente da Bacia do Recôncavo foram detectados compostos derivados do ácido calitríssico (14), bem como kauranos e filocladanos.…”

“…No entanto, a análise química das diversas amostras de âmbar aí encontradas tem permitido a compreensão de que uma flora constituída por coníferas desenvolveu-se na região durante o Cretáceo. 19 Este é um bom exemplo de como a química, por meio da quimiotaxonomia, pode ser uma importante ferramenta de auxílio à paleobotânica e paleoecologia.…”

“…16,17,18,19 No caso do âmbar brasileiro, os espectros obtidos mostram um padrão bastante típico e geralmente observado para resinas fossilizadas do período Cretáceo -picos bem resolvidos na região de carbonos alifáticos e ausência ou sinais fracos para a região de carbonos olefínicos, mas com peculiaridades na abundância de determinados picos. 15 Os espectros de RMN-…”

“…15 Com a continuidade das pesquisas utilizando CG-EM e RMN- 13 C surgiram novas informações quanto à geoquímica e origem botânica de diversas outras amostras, sugerindo a existência de outras famílias que poderiam ter produzido as resinas que originaram o âmbar brasileiro. 16,17,18,19 Sabe-se hoje que existem inúmeros registros de âmbar nas bacias sedimentares brasileiras. …”