POLÍTICAS PÚBLICAS E INTERESSES PRIVADOS: uma análise a partir do Corredor de Nacala em Moçambique

Abstract

A política externa brasileira, a partir de 2003, apresentou uma notória curva em direção ao aprofundamento e à expansão das relações com outros países e regiões "do Sul global". Nesse contexto, o continente africano ganhou importância para as relações internacionais do Brasil. O objetivo do artigo é avançar na compreensão da participação do setor empresarial na cooperação brasileira em Moçambique. Os resultados demonstram que as empresas e seus projetos privados se mesclam nos territórios. Examinaremos o caso do corredor logístico de Nacala, interseção das principais e maiores iniciativas de cooperação e de investimento de empresas brasileiras em Moçambique. O cenário construído nos mostra um tabuleiro no qual a cooperação Sul-Sul e, dentro dela, a cooperação brasileira, não podem ser compreendidas sem serem considerados sua relação com os interesses e investimentos empresariais, o jogo de poder com outros países e as políticas de instituições multilaterais como o Banco Mundial. introdUÇÃoA política externa brasileira apresentou uma notória curva em direção ao aprofundamento e à expansão das relações com o "Sul global" a partir de 2003, com o governo Lula. Vigevani e Cepaluni (2006) a caracterizaram como a busca de "autonomia pela diversificação", na qual a autonomia resulta da abertura de relações políticas e comerciais com mais parceiros, como as economias emergentes dos BRICS, países da América do Sul e novos parceiros da África e do Oriente Médio. As chamadas "relações Sul-Sul" formaram as bases para a busca de uma maior participação e uma incidência nas instituições globais e fóruns multilaterais. Junto a isso, consolidou-se o que Cervo (2009) chamou de internacionalização da economia brasileira, quando o país ascendeu à posição de global player e se observou a expansão internacional das empresas brasileiras, apoiadas em políticas públicas como o crédito subsidiado. O estreitamento das relações Sul-Sul atribuiu a esses grandes grupos econômicos um grande respaldo político na sua atuação regional e global.Foi nesse contexto que a África ganhou importância nas relações internacionais do Brasil. Entre 2002 e 2012, o comércio entre o Brasil e o continente africano aumentou seis vezes, passando de US$ 4,9 para US$ 26,5 bilhões (BNDES, 2013). Empresas brasileiras do setor extrativo e de construção civil, que chegaram ao continente ainda na década de 1970, avançaram com novos projetos nos últimos anos. Esse avanço das multinacionais brasileiras se fez acompanhar do crescimento da chamada "cooperação para o desenvolvimento" nas áreas da agricultura, educação e saúde. Apontamos,

Percepciones sobre el impacto de ProSavana en Mozambique, y estrategias de afrontamiento sociales y campesinas.

“…88 Revista de Paz y Conflictos ▸ ARTÍCULOS ORIGINALES Mínguez Alcaide, X., Pérez Tejada, J. ▸ Percepciones sobre el impacto de ProSavana en Mozambique, y formas de resistencia… proyecto (García y Kato, 2016;Lessa de Almeida, 2015), ya que el traslado de dicho modelo agroindustrial a Mozambique puede acarrear los mismos impactos que tuvo en Brasil. Bajo el discurso solidario de la cooperación con los países del Sur para su desarrollo económico y la reducción de la pobreza, se contrapone una visión según la cual, el marcado carácter neoliberal de ProSavana responde, por un lado, a la necesidad de tierra barata para implementar proyectos de agricultura a gran escala por parte de las empresas brasileñas ligadas a este sector, y por otro, a la competición geopolítica entre diversos actores internacionales por el control de los recursos del CdN.…”

“…Con este precedente, ProSavana se ha convertido en uno de los proyectos más controvertidos de la cooperación Sur-Sur brasileña en África. Se afirma que la necesidad de nuevas áreas fuera del territorio nacional para la expansión de los capitales brasileños, y el bajo precio del acceso a la tierra en Mozambique para la agricultura a gran escala son elementos fundamentales para comprender el papel de Brasil en el proyecto (García y Kato, 2016;Lessa de Almeida, 2015).…”

“…Así, se puede observar como la élite política mozambiqueña juega un rol fundamental en el proceso de adquisición de tierras para la explotación de recursos (Fairbairn, 2011). En este sentido, los/as participantes señalan que las políticas del gobierno de Mozambique están encaminadas a favorecer las relaciones de las élites mozambiqueñas con inversores privados internacionales, facilitando la entrada de empresas multinacionales ligadas a la agricultura a gran escala garantizando su acceso a la tierra (García y Kato, 2016;Okada, 2015). De igual modo, esta política gubernamental favorece la acumulación de capital por parte de las élites del país asociadas al poder político, lo que aumenta la pobreza y la fragmentación social (Mosca y Selemane, 2012).…”

“…Dentro de los programas nacionales e internacionales, en 2014, Japón y Mozambique presentaron el PEDEC-Nacala, un proyecto estratégico de desarrollo económico para el CdN que incluye la extracción y exportación de carbón y gas natural, el desarrollo agroindustrial a través de ProSavana, y el desarrollo de infraestructuras de transporte para la exportación hacia los mercados internacionales a través de la Zona Económica Especial del Puerto de Nacala, conectando a su vez el CdN con Malawi y Zambia (JICA, 2015). Este plan muestra el interés de expansión del capital financiero y del sector privado japonés, y de otras potencias internacionales, en las diversas áreas contempladas en el plan (García, Kato y Fontes, 2013).…”

“…La visión crítica de la política de cooperación Sur-Sur brasileña se plasma en visiones que la colocan como una forma de sub-imperialismo (Bond y García, 2015). Además, se señala la importancia para Brasil de mejorar sus posiciones en las relaciones políticas y comerciales a nivel internacional, así como de ampliar los mercados para la tecnología agrícola, la ambición de acaparar tierras para el desarrollo de la industria del agronegocio y la diseminación global de la producción de biodiesel (Chichava y Durán, 2016;García y Kato, 2016).…”