Suape em construção, peões em luta: o novo desenvolvimento e os conflitos do trabalho

Abstract

DOSSIÊEste artigo discute, pela ótica do trabalho e de seus conflitos, a emergência de uma nova agenda de desenvolvimento no Brasil. Tem como foco as revoltas e greves dos trabalhadores que atuam na construção de dois dos principais empreendimentos do Complexo Industrial Portuário de Suape, a Refinaria Abreu e Lima e a Petroquímica Suape, durante os anos de 2011 e 2012. Esta abordagem pretende apreender os processos desencadeados pelos conflitos, mediações e negociações e o que tem estado em disputa, com as demandas dos trabalhadores e os discursos e práticas governamentais, empresariais e sindicais. Perguntamo-nos se essas mobilizações, além de trazerem ganhos imediatos para os trabalhadores, têm permitido que estes se façam reconhecer como legítimos portadores de demandas sociais. E em que medida tais demandas vêm sendo não só objeto de denúncia pública, mas, também, um modo de problematizar os termos que dão sustentação ao novo discurso desenvolvimentista. Palavras-chave: Desenvolvimento. Trabalho. Sindicalismo. Construção civil. Suape.

Tópicos em gestão da produção: volume 4

“…O consumo em grandes proporções desse produto juntamente com a busca constante por novidades tecnológicas faz acelerar a substituição dos aparelhos eletrônicos, ocasionando assim o descarte desses resíduos na natureza. (OLIVEIRA et al, 2013 e amostra e o instrumento de coleta e a análise.…”

O Projeto do Complexo Industrial Portuário Suape (CIPS): a transformação dos trabalhadores locais em trabalhadores globais e a influência das redes sociais - um estudo de caso

“…A expectativa do CIPS, quando da sua consolidação durante a fase considerada como a mais promissora do projeto, que foi entre os anos de 2007 e 2010, alcançou uma oferta de 46,7 mil novos empregos e gerou um crescimento de 3,4% no PIB estadual (Medeiros et al, 2014). Segundo Oliveira (2013), no mesmo período, o projeto recebeu R$ 1,46 bilhão de investimentos públicos e US$ 17 bilhões de investimentos privados.…”

“…A oferta intensiva de vagas no Complexo Industrial de Suape reverteu o sentido do fluxo migratório da mão de obra local, fazendo com que Pernambuco se tornasse o des-tino de trabalhadores mais bem qualificados das regiões mais desenvolvidas do país. Outro grupo de trabalhadores de Suape veio do setor açucareiro, cujos sujeitos fizeram curso de formação profissional para a indústria, a qualificação técnica para a indústria foi fundamental na formação dessa mão de obra composta, em geral, de cortadores de cana (Oliveira, 2013).…”

“…O Brasil, integrando-se na economia globalizada, abriu espaço para construção de grandes complexos produtivos em diferentes estados da federação, com a pretensão de confirmar-se como país produtor de manufaturas em alta escala a partir de plantas autossuficientes. Nesse contexto, surgiram projetos ousados como os polos petroquímicos e metalúrgicos em estados como Bahia, Alagoas, Sergipe, Maranhão e Pernambuco (Oliveira, 2013).…”

Trabalhadores de SUAPE

“…Além disso, argumenta-se reiteradas vezes ao longo do texto que a decisão de implantação do porto deveria se pautar não apenas por razões estritamente técnicas, mas sobretudo políticas. Para a epígrafe do texto foi escolhida um trecho de um depoimento prestado à Câmara dos Deputados em 1971 pelo então ministro da fazenda e arquiteto do "milagre econômico", Antônio Delfim Netto: Como contextualiza Roberto Véras de Oliveira, a partir da chegada do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República em 2002, torna-se mais destacada a busca pela formulação de uma agenda desenvolvimentista que sirva de contraponto à ortodoxia neoliberal dos anos 1990 e ao, mesmo tempo, se diferencie do antigo ideário do nacional desenvolvimentismo (Oliveira, 2013). Essa reelaboração discursiva coincide com o aporte de vultosos investimentos do governo federal nas obras de Suape, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).…”