O indivíduo, o amor e o sentido da vida nas sociedades contemporâneas

Abstract

O texto propõe uma reflexão sobre a perda do sentido da vida coletiva na sociedade contemporânea como produto da crescente importância do amor como fonte de sentido na existência pessoal. A tese é desenvolvida em três etapas. Após uma caracterização inicial do amor como central na vida dos indivíduos contemporâneos, exploramos, num segundo momento, os contrastes entre as grandes figuras de significado (o Crente, o Cidadão, o Burguês, o Amante), insistindo nas características específicas de amante em relacao às figuras precedentes. Numa terceira etapa analisamos as principais tensões que a figura do Amor produz na vida social atual, desestabilizando os coletivos.

Amor e resiliência: a docência no ensino superior em tempos de pandemia do Novo coronavírus (covid-19)

“…A preocupação dos docentes com a situação pandêmica coincide com o descrito por Martuccelli (2016) que, para as pessoas que possuem renda que permitam boa sobrevivência, a felicidade acaba por ancorar nas aspirações pessoais, se deslocando para valores espirituais ou pós-materialistas como a família, a saúde e trabalho e um crescente consenso em torno da legitimidade fundamental do amor como algo que de sentido da vida. Assim neste contexto, a rápida resposta advinda ao enfrentamento a pandemia por parte dos docentes pode ter origem no amor a profissão e na resiliência.…”

“…Assim surge a necessidade da resiliência e afloram forças ligadas a sentimentos que impulsionam e facilitam as ações profissionais para a superação de dificuldades, conforme também descrito por Vergara (2008), onde sugere que sentimentos derivados da subjetividade humana como amor e ódio, racionalidade e irracionalidade, solidariedade e a esperança podem desencadear o uso de recursos dantes intangíveis na busca pelo bem comum. Segundo Martuccelli (2016), o amor está relacionado ao exercício como cidadão que imputa a doação de si mesmo em prol de uma causa coletiva, e conforme relatado por Fossatti et al (2016), o êxito docente esta relacionados a valores atitudinais tais como compromisso, amor pela profissão, diálogo, dedicação, e companheirismo, que também, são características das pessoas resilientes.…”

La incondicionalidad amorosa. Reflexiones para una teoría unificada del amor

“…O sea, como toda una literatura de folletines de amor lo exploró desde 1990, la necesidad de recomponer el principio del "obstáculo" propia al amor romántico en sociedades tan permisivas hacia el amor (al punto que ha podido decirse con razón que el amor es la "verdadera religión de los tiempos modernos", Beck y Beck-Gernsheim, 1995;Martuccelli, 2016). Resultado: los escollos no son más descritos como externos a los amantes, sino recreados como una serie de bloqueos psíquicos interiorizados por los personajes de los que, justamente, la promesa del amor incondicional permite liberarse (Péquignot, 1991).…”

Abandono, solidão e desistência do amor: o racismo como elemento excludente de mulheres pretas no mercado do afeto

“…Nessa linha, Jardim (2017Jardim ( , 2019Jardim ( , 2021 tem defendido que, a despeito de uma aparente liquidez do amor, as pesquisas etnográficas têm apontado o fortalecimento do amor romântico na contemporaneidade, uma vez que os apaixonados buscam laços fortes por meio do casamento e da construção de famílias. Em suas pesquisas, Jardim tem frisado que o amor aparece como uma última missão de vida (Jardim, 2019(Jardim, , 2020(Jardim, , 2021, expresso nas novelas brasileiras (Souza, 2020), no cinema hollywoodiano (Rossi, 2013), e se tornando o maior sentido da vida na contemporaneidade (Martuccelli, 2016).…”