INTRODUÇÃOEste livro aborda as novas relações entre Estado e mercado no Brasil contemporâneo, tendo como objeto empírico o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e suas diversas nuanças, como o papel do PAC durante a crise de 2008, a geração de novos postos de trabalho, a inclusão social pelas finanças e a introdução de infraestrutura e serviços por meio de alianças entre entidades pú-blicas e privadas.São pontuadas vantagens, desvantagens, limites e ambiguidades das convergências e divergências entre o Estado e os diversos agentes, elites e instituições com os quais passa a negociar projetos, ações e, sobretudo, ideias, fornecendo elementos teóricos e empíricos para aprofundar a compreensão e a interpretação das (novas) relações entre Estado, mercado e trabalho no capitalismo brasileiro, especialmente nos tempos do governo Lula, fugindo de leituras ideologizantes e abstratas.É resultado de pesquisas desenvolvidas no contexto do projeto "Domesticação e moralização no governo Lula: inclusão social via mercado e via fundos de pensão", introduzido pelo Programa Jovem Pesquisador em Centro Emergente, da Fapesp, de responsabilidade de Maria Chaves Jardim, no qual Márcio Rogério Silva desenvolve pesquisas dedicadas ao PAC. Durante o desenvolvimento do projeto, a pesquisa desdobrou-se na dissertação de mestrado de Silva, em diversos artigos e neste livro.O livro tem como fio condutor as estratégias heterodoxas do governo Lula (e também do governo Dilma) para a introdução de infraestrutura, em sintonia com o fornecimento de emprego e renda, realizando inclusão social por meio de 16 MARIA CHAVES JARDIM • MÁRCIO ROGÉRIO SILVA instrumentos financeiros, especialmente com arranjos do PAC. Para tanto, além de dados macroestruturais, são apresentados diversos dados resultantes de pesquisa empírica, tanto no setor da construção civil como no elétrico.O PAC foi adotado em 2007, durante o governo Lula, e tem continuidade no governo Dilma. Trata-se da utilização de parcerias público-privadas visando à retomada do planejamento e à execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, com o intuito, segundo o governo, de contribuir para o desenvolvimento acelerado e sustentável da economia.Mais do que para atuações entre o Estado e diversos agentes e instituições, o livro chama atenção para as alianças cognitivas entre os setores público e privado (empresas, mercado financeiro, fundos de pensão e empreiteiras), que levaram a uma reconfiguração do conceito de desenvolvimento, das possibilidades de seu financiamento, bem como das relações trabalhistas.Nesse contexto, o argumento defendido é de que o cenário descrito e analisado pode ser compreendido como a introdução de um novo desenvolvimentismo no Brasil contemporâneo, mas diferente daquele da Era Vargas e, também, com alguma peculiaridade, do conceito proposto por Bresser-Pereira -ainda que este seja fundamental para a compreensão do Brasil do período Lula e Dilma, como será visto a seguir. MétodoA coleta de dados foi feita por meio de dad...
Os aplicativos se tornaram ferramentas centrais nas interações contemporâneas, fabricando diversos tipos de consumo, inclusive o consumo de afetos. Apesar do inegável crescimento do mercado do amor, sustendo pelos algoritmos, argumento que estes não fazem mágica por si só. Com base em pesquisa empírica com mulheres solteiras ou divorciadas entre 35-47 anos, procuro demonstrar que a cultura do amor romântico sustenta o mercado de aplicativos. A pesquisa contou com uma etnografia no aplicativo Tinder, com a realização de um curso online que busca pela profissionalização da paquera e observação participante em uma página fechada do Facebook. Os resultados apontam que a “fórmula do amor”, criada pelos matemáticos e inserida nos smartphones, não existe em um vácuo social; a crença no amor romântico e a illusio no casamento como ideário de felicidade, ajudam, em diálogo com o mercado de autoajuda, a sustentar o mercado de afeto virtual. Tem como inspiração teórica insights da sociologia econômica e conceitos de Pierre Bourdieu
Ao considerar as diversas interpretações existentes em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o texto busca identificar os arranjos do PAC na criação de postos de trabalho, enfatizando especialmente o mercado da construção civil, fomentado via Programa Minha Casa, Minha Vida. Para tanto, organizamos uma coleta de dados sobre as medidas e ações propostas pelo PAC durante os governos Lula e Dilma Rousseff, além da análise dos relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU). Da mesma forma, realizamos análises documentais nos sites dos ministérios do Planejamento e da Fazenda e algumas entrevistas com trabalhadores da construção civil. Os dados foram tratados com inspiração da sociologia econômica, disciplina que considera que todo o mercado é uma construção social. No caso aqui analisado, o mercado de trabalho é resultado de uma construção social, mais especialmente o mercado de trabalho da construção civil, já que é resultante de diversos atores e instituições engajados na promoção do PAC, tais como o Estado, as empreiteiras, os sindicatos, os fundos de pensão etc. Os conflitos resultantes dessa construção social foram identificados.
Resumo O texto que ora apresentamos é resultado preliminar da pesquisa sobre o mercado de dispositivos para relacionamentos, realizada a partir dos aplicativos Badoo e Tinder, entrevistas com usuários de dispositivos diversos, além de coleta de dados no grupo "Mulheres Empoderadas". Tem como inspiração teórica o uso de conceitos e insights da Sociologia Econômica e dialoga de forma crítica com as ideias de Eva Illouz, especialmente o seu livro "O Amor nos tempos do capitalismo". Os resultados parciais indicam que o sucesso dos dispositivos deve-se ao fato de que estes estão enraizados nos valores do senso comum, assim, os dispositivos não criam o senso comum, mas se inspiram nele para alcançar sucesso com os usuários; por sua vez, identificamos que os usuá-rios fazem escolhas afetivas nos dispositivos orientados por seus dispositivos cognitivos de habitus (orquestração de habitus). Palavras-chave: Dispositivos de Mercado, construção social de mercados, Aplicativos para relacionamento Afetivo, Sociologia Econômica.* Gostaríamos de expressar nosso sincero agradecimento às organizadoras deste dossiê, pois suas sugestões permitiram o amadurecimento deste artigo.
A gênese do conceito de Desenvolvimento está na obra de Adam Smith, Investigação Sobre a Causa da Riqueza das Nações, escrito em 1776, que, em alguma medida, pode ser considerada como um marco inicial do conceito. Em A Riqueza das Nações (2017), Smith defende que o desenvolvimento de país só seria possível quando os agentes econômicos fossem capazes de satisfazer seus próprios interesses individuais de forma espontânea. Smith (1776) partia do princípio de que todo homem vive para a troca, ou se torna, em algum momento, um mercador e a sociedade se transforma em uma sociedade mercantil. Para o autor, o homem movido pelo desejo do lucro passaria a produzir mais, e o excedente da reprodução passaria a ser um benefício para toda sociedade.
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RESUMO O artigo se situa no âmbito das discussões contemporâneas que desafiam a sociologia econômica e a sociologia do trabalho a refletir sobre um novo fenômeno socioeconômico: a chegada de sindicalistas no mercado financeiro, via criação e, sobretudo, a gestão de fundos de pensão. Atores sociais da construção deste novo fenômeno financeiro, os sindicalistas passam a (re)significar não somente suas estratégias, mas também seus discursos, agregando questões morais e sociais aos interesses do mercado. O trabalho demonstra que o novo éthos do sindicalismo brasileiro busca utilizar a própria lógica do capital na resistência contra a financeirização da economia e a reestruturação produtiva.
Resumo O objetivo geral do artigo é contribuir para o debate sobre reforma da Previdência Social, identificando as principais justificativas que embasaram o projeto da reforma apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro, em 2019. O objetivo específico é identificar se existe solidariedade na proposta oferecida pelo governo. Nossa metodologia foi baseada na coleta e análise de discursos proferidos pelo principal agente do processo, Paulo Guedes, além de dados complementares junto a Jair Bolsonaro e Rogério Marinho. Tem como inspiração teórica a sociologia de Pierre Bourdieu e insights da sociologia econômica. Os resultados apontam que todas as justificativas acionadas pelo principal agente envolvido na reforma da previdência de 2019 tiveram como objetivo aprovar a transição de um modelo de previdência baseado na repartição, para um modelo de capitalização e que a capitalização da Previdência Social não foi apresentada como complementar, tal qual nos governos anteriores, mas como modelo obrigatório. Se aprovada, a previdência do Brasil passaria a existir em um modelo paralelo, a saber, a manutenção do modelo de repartição para servidores públicos e trabalhadores do setor privado já integrados ao sistema e ao modelo de capitalização para os jovens ingressantes no mercado de trabalho.
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