Determinantes industriais da solidariedade transnacional: política intersindical global em três setores

Abstract

Este artigo compara formas de transnacionalismo do trabalho em três setores: indústria automotiva; transporte marítimo; vestuário e indústria têxtil. Em cada caso, os sindicatos se envolvem em atividades transnacionais muito diferentes para reassumir o controle sobre o mercado de trabalho e a concorrência. Conforme as instituições de cooperação transnacional se tornam mais complexas, os sindicatos continuam a lutar com as tensões competitivas (trabalhador a trabalhador e sindicato a sindicato) que variam de uma indústria para a outra.

Um ano de greve no Canadá: conflitos e resistência na transnacionalização da Vale S.A.

“…(...) A Vale tem uma postura antissindical no Brasil. (Carlos Andrade, dirigente da CUT envolvido com a organização da rede Vale, em entrevista) Anner et al (2014), num estudo comparativo de casos de cooperação sindical transnacional em três setores, mostram como a globalização do capital leva ao aumento da diferenciação intra e inter-setorial dentro de cada país, o que torna as parcerias sindicais transnacionais uma possibilidade, não uma necessidade imanente, uma vez que sindicalistas nacionais e locais lutam pela manutenção dos empregos, entrando numa lógica de competição entre os trabalhadores. Dessa forma, "interesses paroquiais" podem frustrar a cooperação internacional.…”

<b>Condicionantes da produção flexível em montadoras no sul fluminense

“…Questões referentes ao trabalho também aparecem no estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2016), sinalizando redução no número de vagas e pressões sobre os operários. Como processos são mais flexíveis, pesquisas no setor denunciam jornadas atípicas impostas nos planos laboral e discursivo nas montadoras (Anner, Greer, Hauptmeier, Lillie, & Winchester, 2014). Além disso, a comunicação de um cenário de maior concorrência mercadológica acaba naturalizando os métodos de trabalho intensificados sob o signo da produção lean (Araújo, 2012).…”

“…Pesquisas qualitativas correlatas estudam motivos que levaram ao regionalismo na China da produção automotiva (Lüthje, 2014); ao fracasso institucional de sindicatos na África do Sul (Bolsmann, 2010); à fragmentação das centrais sindicais no leste europeu (Drahokoupil, Myant, & Domonkos, 2016); ampliação do trabalho part-time na Coreia do Sul (Aelim, 2011;Waddington, 2015); demissões em massa na Austrália (Anaf, Newman, Baum, Ziersch, & Jolley, 2012), e no Brasil ameaças de gerentes com argumento da escassez de vagas nas montadoras (Anner et al, 2014).…”

“…Os entrevistados foram previamente avisados da gravação das entrevistas e concordaram com a assinatura de um termo de consentimento. Esses requisitos da pesquisa qualitativa seguem recomendações de A entrevista semiaberta aplicada como a técnica de coleta (Vergara, 2009) foi construída a partir relatórios e pesquisas no setor automotivo no que se refere a: dados sobre a dispersão da indústria automotiva (Lima, 2015;Anfavea, 2016); tópicos sobre condições e expectativas de trabalho em regiões anfitriãs das montadoras (Bolsmann, 2010;Anaf et al, 2012;Anner et al, 2014;Chung, 2015); e na terceira parte, questões centradas no sul fluminense: infraestrutura, investimento, emprego e sindicato (Cluster Automotivo Sul Fluminense, 2013).…”