A proposta do presente estudo é analisar a relação entre duas modalidades de adquirir e professar a cultura que concorrem no universo intelectual argentino durante as primeiras décadas do século XX, a saber, a esfera privada de produção cultural e a universidade oficial, ligada ao Estado. Trata-se de compreender de que forma a ampla rede de revistas literárias que caracteriza a Buenos Aires desse contexto se desenvolveu em relação de tensão com a profissionalização da Universidade que se acentuou a partir da Reforma de Córdoba, em 1918. Ao fim, este artigo pretende lançar luz sobre a possibilidade de abordar o campo intelectual a partir da inspiração de Carl Schorske, em Viena Fim de Século, considerando que os fenômenos intelectuais e culturais não se sucedem ou se enfrentam apenas em si mesmos, como unidades temáticas consistentes (diacrônicas) mas, sim, que eles estão relacionados, também, de modo sincrônico, às demais manifestações culturais e políticas de seu tempo.