RESUMO O polo vitivinícola Vale do São Francisco situa-se no Novo Mundo dos vinhos, onde o desenvolvimento das marcas é a orientação dominante. Assim, a identidade desses vinhos está atrelada à de suas marcas. A identidade marcária, discutida tradicionalmente sob uma orientação estratégico-gerencial, também pode ser concebida como identidade discursiva, resultante de diversos vetores além de formulações estratégicas. Aqui, de forma propositiva, assumimos a identidade de marcas como resultado de processos identificatórios numa cultura, portanto uma identidade cultural, o que se aproxima da concepção discursiva. Buscamos, portanto, compreender como são construídas as identidades das marcas de vinho do Vale do São Francisco. Para tanto, procedemos a uma análise de discurso crítica, com base na Linguística Sistêmico-Funcional de M. A. K. Halliday, de entrevistas realizadas com três grupos de agentes: produtores, consumidores e mediadores. Chegamos a 20 traços identitários, que, agrupados conceitualmente, resultaram em seis identidades culturais: acanhada, competente, jovial, honesta, medíocre e tradicional. Os resultados apontam para uma construção de identidades ancorada num sistema de referências dominante, resultando na desconsideração da tipicidade da região, numa tentativa de sufocar a diferença e alinhar-se ao discurso dominante..