Discursos da globalização nas vozes de professores e professoras de língua inglesa

Abstract

RESUMOEm entrevistas realizadas com professores e professoras de inglês de duas escolas municipais de Belo Horizonte, MG, constatou-se que eles são amplamente influenciados pelos variados e conflitantes discursos sobre globalização e o inglês no mundo. Como resultado, pode-se perceber em suas falas uma série de conflitos, contradições e dilemas. A análise das entrevistas foi efetuada de acordo com os conceitos de discurso hegemônico e contrahegemônico, definidos a partir das teorias de Antonio Gramsci e Mikhail Bakhtin. Palavras-chave: Ensino de língua inglesa; globalização; hegemonia. ABSTRACTInterviews with English teachers of Belo Horizonte's local public schools revealed that they are largely influenced by the varied and conflicting discourses on globalisation and English in the world. Consequently a number of contradictions in their speeches were noticed, which are also the concrete expression of their dilemmas. The analysis of the interviews was carried out according to the concepts of hegemonic and counter-hegemonic discourse, defined within the theoretical frameworks of Antonio Gramsci and Mikhail Bakhtin. Key-words: ELT; globalisation; hegemony. INTRODUÇÃOO intenso debate sobre a globalização e suas conseqüências nos dias atuais tem sido marcado por uma série de opiniões divergentes 1 . Se, por um lado, ela pode ser vista como neutra e benéfica, por outro, há quem defenda uma globalização mais democrática, em que as relações entre os países sejam igualitárias. Para muitos teóricos, ela é conduzida de forma unilateral e carrega consigo valores de uma cultura eminentemente ocidental, o que pode acontecer em detrimento de outras culturas, em especial as de países periféricos. E há também aqueles que defendem a manutenção da (ou a volta à) nação e suas rígidas fronteiras, tanto físicas quanto culturais e políticas: o global em oposição ao local. O que parece ser uma constante nessas discussões é a importância do papel desempenhado pelo inglês. É * Doutorando em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês pela USP. 1 Para uma bibliografia mais aprofundada sobre as diversas abordagens a respeito de globalização, ver:

Neoliberalism, Applied Linguistics and the PNLD

“…We might say that in Brazil the tendency to separate these ields is not so strong (see, for example, Brasil, 2006;Maciel, 2011;Monte Mór, 2011;Rajagopalan, 2003;Zacchi, 2006). da tolerância".…”

“…his point of view seems to have become a common sense, especially among English teachers. In Brazil, many of them believe that English is the natural language of globalization (Zacchi, 2006). On the other hand, according to Gray (2012, p. 111), English is also one of the languages of global resistance, a situation that indicates the necessity to produce and disseminate materials that "embody values other than those expressed by the ELT industry".…”

Estudos sobre inglês como língua franca no Brasil (2005-2012): uma metassíntese qualitativa

“…No que concerne às implicações pedagógicas, a maioria das pesquisas aponta para a formação continuada de professores de LI como a saída para a miscelânea ideológia/cultural/identitária trazida pelo inglês para o mundo contemporâneo. Zacchi (2006), por exemplo, como resultado de sua pesquisa, afirma que os professores navegam entre discursos hegemônicos (inglês como Contexto/Informantes das Pesquisas língua neutra, livre de conotações políticas) e contra-hegemônicos (forma de resistência à ideologia dominante). Isto implica, por exemplo, no fato de que seus alunos poderão levar consigo os mesmos discursos, ao invés de defenderem uma única posição.…”

Compreensão Escrita Em Língua Inglesa: Uso De Estratégias Da Pedagogia De Gêneros

“…O discurso sobre a importância da língua inglesa para a globalização, a ciência, a tecnologia, os negócios e a mídia, tem sido recorrente no debate acerca do papel que essa língua passou a desempenhar na sociedade (ÁLVARES, 2016;CRYSTAL, 2003;SANTOS, 2011;ZACCHI, 2006), principalmente após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, esse discurso tornou-se predominante em termos geopolíticos, devido às "aspirações alimentadas por muito tempo de ser um grande ator regional, [...] confrontadas com o duplo desafio de reivindicar seu papel no continente e também projetar sua imagem para o resto do mundo" (RAJAGOPALAN, 2008, p. 186, tradução nossa).…”

“…Tal discurso tem encontrado eco no contexto educacional como justificativa para o ensino de língua inglesa, tanto na perspectiva dos estudantes (SANTOS, 2011; SCHMIDT; FIGHERA, 2016) quanto dos professores (MACIEL, 2013;ZACCHI, 2006). Entretanto, justificar a importância do ensino de língua inglesa no contexto brasileiro essencialmente por meio de objetivos utilitaristas, desconsidera o aspecto educativo da aprendizagem de uma língua adicional.…”