A instalação do megaprojeto de exploração de carvão mineral pela multinacional brasileira Vale, na Bacia Carbonífera de Moatize, região do vale do Zambeze, região central de Moçambique, transformou o distrito de Moatize num campo de deslocamentos compulsórios, violências e conflitos sociais. No presente artigo, analisa-se as diversas formas de resistência desenvolvidas pelas populações compulsoriamente deslocadas, seus repertórios, demandas e implicações sociais. Advoga-se que as ações coletivas de reivindicação social protagonizadas por essas populações, que são na sua maioria populações rurais (camponeses, oleiros), não só denunciam as práticas violentas, autoritárias e coloniais das empresas mineradoras e apresentam narrativas outras para uma reflexão crítica sobre a atual lógica de desenvolvimento em Moçambique, baseada na intensificação da exploração e exportação de commodities, como também tem a potencialidade de interferir positivamente na forma como vem se dando a expansão desenvolvimentista na região.