O conceito de geração de Karl Mannheim fundamenta o argumento de que houve, no Brasil, três gerações de livros didáticos de Sociologia voltados para o ensino médio entre 1920 e 2016. Cada uma delas revela um grau de desenvolvimento dos campos de recontextualização oficial (CRO) e pedagógico (CRP), no sentido bernsteiniano, imbricados na conformação da Sociologia como uma disciplina escolar. Com base em fontes secundárias, especialmente pesquisas de mestrado, identificou-se a primeira geração de livros didáticos de Sociologia como um conjunto de manuais publicados entre 1920 e 1940 que contribuiu para o processo de rotinização das Ciências Sociais, quando o CRO ainda era incipiente e o CRP de Sociologia inexistia. A segunda geração compreende os livros publicados entre o início dos anos 1980 e meados dos anos 2000 e tem como marca a heterogeneidade curricular dos materiais, reflexo de uma recontextualização pedagógica em formação, embora o CRO já estivesse mais consolidado. A terceira geração está relacionada ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), nos anos de 2010, momento em que o campo educacional já possuía uma estrutura de recontextualização oficial consolidada e o CRP das Ciências Sociais/ Sociologia já estava mais desenvolvido e apresentando capilaridade em múltiplas instâncias.