Este número de Novos Cadernos NAEA, o segundo de 2016, reúne um conjunto interessante de artigos sobre problemáticas observadas a partir de pesquisas empíricas e reflexões voltadas ao entendimento de dimensões sócioambientais do desenvolvimento. A revista honra, mais uma vez, seu compromisso com a linha de interpretação sobre temas fundamentais na sociedade, economia e cultura contemporâneas. Os cinco artigos iniciais, e a Conferência de Enrique Leff intitulada Sociedade, política e natureza. Conhecimento para qual sustentabilidade?, compõem um bloco de contribuições que a Revista considera como um Dossiê de Ecologia política do desenvolvimento. Esses trabalhos se debruçam sobre alguns dos principais desafios, e questões de nosso tempo e a conformação do pensamento sobre a construção da sociedade e da democracia ambiental. Na perspectiva critica aos processos de dominação que perpassam o debate ambiental, o renomado intelectual mexicano, Enrique Leff, estabelece uma diferenciação nos processos de desenvolvimento e de sua interação com as questões ambientais. Na Conferência ministrada em Belém, ele considera o conhecimento a questão fundamental para falar à academia socioambiental do Brasil. Em diálogo com Derrida, remete à diferença entre os saberes performativos e os saberes constatativos, sobre a crença de alguns pesquisadores que tratam os chamados conhecimentos constatativos como fáticos, e os saberes que associam às ciências humanas, às ciências sociais, que fazem um conhecimento mais literário, mais de narrativas, mais imaginativo, menos constatativo. Enfim, discute as possibilidade de novas disciplinas e abordagens de descontrução do pensamento colonial. Evoca a perspectiva da ecologia política para ressaltar as disputas conceituais paradigmáticas, as invenções de sustentabilidade, o imaginário social e as crenças no progresso da ciência, para olhar objetivamente certas disciplinas empíricas que podem aprofundar as dimensões não confessas dos conflitos socioambientais e da modernidade. O artigo Índios do "Vale Europeu". Justiça ambiental e território no Sul do Brasil analisa o processo de territorialização do Estado de Santa Catarina, enfatizando nas operações de regionalização e nos processos de constituição de identidades étnicas, os quais, combinados, resultam num processo sui generis de construção de identidades regionais. Sustentam Luciano Florit, Lilian de Oliveira, Reinadl Fleuri e Rodrigo Wartha que os efeitos de processos e discursos coloniais persistem no presente levando à produção de inequidades ambientais e de exposição à desastres por parte da comunidade Xokleng Laklãnõ. O artigo seguinte, de Deborah Lima e Nelissa Peralta, resulta de pesquisa de campo na área da antropologia, a economia doméstica em duas Reservas de Desenvolvimento Sustentável, trazendo contribuições relevantes para os estudos relacionados à produção e ao trabalho de povos tradicionais. Numa perspectiva bastante próxima quanto à natureza dos objetos, e das questões em análise, o artigo A questão produtiva nas Reservas Extrat...