Este artigo discute a construção social do pensamento insurgente na obra do pensador sergipano Manoel Bomfim. Ao discutir o que denominou parasitismo social, o autor analisa a formação da sociedade brasileira, destacando os problemas herdados da colonização portuguesa, prescindindo do repertório racista, comum no discurso de seus coetâneos. Bomfim teceu duras críticas à elite dirigente e aos intelectuais recheados de conhecimento livresco e avessos aos fenômenos sociais que se desenrolavam diante dos seus olhos. Para o sergipano, o problema não era a leitura de autores estrangeiros, mas a aplicação grosseira de teorias alheias à realidade social que, invariavelmente, eram negativas. As explicações abstratas e teorias exóticas turvavam a visão e impediam que se compreendessem os reais motivos do atraso como, por exemplo, a insistência na monocultura e o tratamento aviltante ao trabalhador. Em sua análise, racismo e parasitismo são indissociáveis, e sob essa chave de leitura se centrará nossa argumentação.