A relação entre as esferas econômica e cultural nas ciências sociais permite uma miríade de abordagens teóricas. Recentemente, vá-rios são os cientistas sociais que vêm apontando mudanças nas atitudes e nos valores que orientavam o comportamento político relacionado à cidadania convencional (Marshall, 1967) nas sociedades mais avançadas do capitalismo como consequência das mudanças estruturais iniciadas na segunda metade da década de 1970, com a reestruturação produtiva e a globalização econômica (ver, entre outros, Bauman, 1999;Boschi, 2004;Castel, 1998;Harvey, 1993; Putnam, 2000;Turner, 1990). Os efeitos de tais mudanças estariam gerando a emergência de comportamentos políticos orientados por novos valores, crenças e disposições sociais, abarcando tanto elementos considerados tradicionalmente conservadores -adesão ao liberalismo econômico e consequente diminuição da função reguladora do Estado -quanto valores considerados progressistas -defesa de direitos socioculturais difusos (meio ambiente, igualdade de gênero, liberdade de orientação sexual etc.) e novas formas de participação social e política (participação em redes, apoio a organizações não governamentais (ONGs), boicote a produtos nocivos ao meio ambiente, denúncias de empresas que utilizam mão de obra infantil, campanhas humanitárias etc.).Reconhecendo a complexidade desse debate, a proposta deste artigo é discutir aquilo que vem sendo denominado pela literatura de nova