Desventuras de alguns críticos da política externa do governo Lula

Abstract

O presente artigo busca analisar algumas críticas de especialistas brasileiros à política externa dos dois mandatos do governo Lula, em particular quanto à coerência e fundamentação dos argumentos utilizados pelos autores. A constatação é que as críticas se baseiam em uma análise sistêmica particular, bem como na convicção de que a burocracia de Estado é o ator unitário na definição e operacionalização da Política Externa Brasileira (PEB).

Política Externa no Governo Bolsonaro (2019-2021): Disputas Discursivas e Rupturas Institucionais nas Políticas De Gênero*

“…O argumento da ideologização dos governos de esquerda, vale ressaltar, já era articulado publicamente quanto à formulação e operacionalização da PEB (Almeida, 2004;Lafer, 2018;Ricupero, 2010). A atribuição da característica da "ideologização" se expressava nas qualificações de diferentes períodos históricos da PEB, como a "política externa independente", o "pragmatismo responsável", entre outras (Jacobsen, 2013). Para Lafer (2009), entre 2003 e 2010 a PEB impôs uma visão política particular do Partido dos Trabalhadores nas decisões sobre seus rumos, rompendo o "consenso" construído ao longo de anos de que ela seria uma política de Estado e não de governo.…”

Relações externas Brasil-África: da política externa independente ao governo Lula

“…Do mesmo modo que ganhavam atenção no exterior, as relações externas do período passam também a ser alvo comum da grande mídia impressa, veículo não apenas para jornalistas expressarem suas discordâncias, mas também para antigos embaixadores, políticos e estudiosos. De modo geral, como aponta Kjeld Jakobsen, as críticas seguem o argumento de que a política externa do período foi influenciada sobremaneira pela visão de mundo do Partido dos Trabalhadores, que teria quebrado uma longa tradição de preponderância do MRE na formulação da política externa e consequentemente transformando uma política de Estado em uma política de governo 366 .…”