Neste trabalho é apresentado um possível fundamento empírico para as teorias dos turbilhões que figuram em praticamente todas as teorias cosmogônicas dos pré-socráticos e mesmo presentes nas teorias de pensadores modernos como René Descartes e C. Huyghens. Palavras-chave: cosmogonia, Pré-Socráticos, História da Física.The aim of this work is to show possible empirical foundations for the phenomena of vortices presenting in almost all the cosmogonics theories of pre-socratics thinkers and also in theories of modern thinkers as René Descartes and C.Huyghens. Keywords: cosmogony, Pré-Socratics, History of Physics.
IntroduçãoAs teorias cosmogônicas surgiram com os chamados filósofos pré-socráticos, tais como, Thales (c. 624-545 a.C.), Anaximandro (c. 610-545 a.C.) e Anaxímenes (c. 580-500 a.C.), todos oriundos da Ásia Menor. Suas idéias têm sido analisadas e debatidas por pesquisadores de Histó-ria da Ciência e, sobretudo, por filósofos. Entre os filósofos modernos o tema foi debatido principalmente por Hegel (1770-1831), Nietsche (1844-1900) e Heidegger (1889-1976 [1] que analisaram estas idéias e concluíram que tratam-se de puras e consistentes filosofias.No entanto, já em Aristóteles (c. 384-322 a.C.) desenha-se um ponto de vista diferente a respeito das obras daqueles pré-socráticos que receberam desse filósofo a designação de "físicos". Alguns pesquisadores em História da Ciência, dentre eles, Paul Tannery [2], destacam o fato das obras dos pré-socráticos terem sido analisadas por filó-sofos e as conclusões nunca terem provocado contestação, tendo sido tradicionalmente aceitas pelos historiadores da ciência. Entretanto, afirma Tannery, os fundamentos dos sistemas propostos por estes físicos nunca foram filosó-ficos, mas sim baseados em conhecimentos empíricos, portanto, de naturezas concretas e objetivas. Segundo historiadores da ciência é nesta fase que se inicia a construção da ciência no mundo ocidental.O embasamento empírico das teorias dos pré-socrá-ticos é explicitamente indicado por Aristóteles em seu tratado Os Céus [3]:'... a forma da causação supõe que todos eles se baseiam na observação dos líquidos e do ar, nos quais os corpos maiores e mais pesados sempre se movem para o centro do turbilhão. Isto é pensado por todos os que tentam gerar os céus por este meio para explicar por que a Terra se situa no centro.' É então, na opinião de Aristóteles, o turbilhão nos gases ou nos líquidos, o inspirador dos processos envolvidos naquelas propostas de cosmogonias. A figura do turbilhão, de fato, tem aparecido invariavelmente nas propostas de teorias que pretendem dar explicações sobre a origem do universo, inclusive nas teorias modernas.Dessa forma, pode-se tentar compreender como, supostamente, os filósofos pré-socráticos se utilizaram de fenômenos naturais para elaborar suas teorias de criação da matéria. É sabido que os vórtices atmosféricos são fenô-menos que acontecem com muita freqüência em certas regiões da Terra, enquanto raramente em outras. O mais importante e fundamental efeito para o uso deste proc...