Resumo O presente trabalho analisa a trajetória dos sujeitos vazios e expressos na norma lingüística efetivamente utilizada pela elite paulistana, em fins do século XIX até a década de 1930, quando S. Paulo recebeu grande afluxo de imigrantes usuários de "línguas de sujeito nulo". Partindo de uma avaliação crítica do "variacionismo paramétrico", baseado em Labov e Chomsky, propomos o "gerativismo trans-sistêmico". Nessa perspectiva, a língua é gerada em dois níveis: no nível de origem biológica e inata, a faculdade da linguagem, após amadurecimento, dota o indivíduo de "competência lingüística"; no nível de natureza social, o habitus, depois de internalizado, o proverá de "capital lingüístico", tal qual proposto por Bourdieu. Temos, assim, um módulo gerativo que permite ao indivíduo oferecer seus produtos no mercado lingüístico altamente concentrado. A análise de corpora lingüísticos nos levou a concluir que a elite, apesar de fazer um maior uso do sujeito vazio, já incrementava o uso dos expressos, fenômeno já bem avançado no dialeto caipira. Tal comportamento é explicado por fatores estruturais internos à língua, e também expressa, do ponto de vista histórico-social, uma clara opção por uma forma lingüística que se opunha à norma dos imigrantes, tal qual previsto no habitus da elite. Palavras-chaves: parâmetro do sujeito nulo; história social da língua; gerativismo transsistêmico; norma lingüística da elite paulistana; Chomsky; Labov; Bourdieu.