Vinadé, T.; Guareschi, P. "Inventando a contra-mola que resiste: um estudo sobre a militância na RESUMO: Este artigo procura problematizar a militância na contemporaneidade a partir de entrevistas realizadas com militantes de movimentos sociais. Discute as possibilidades de construções militantes na atualidade a partir do conceito de modernidade líquida, que nos auxilia na compreensão das possibilidades de ser e estar no mundo, e da idéia de invenção, que busca a desconstrução das evidências do senso comum, deixando de entender os objetos de estudo como naturais ou permanentes, compreendendo-os como transitórios e construídos. Buscamos, assim, produzir este estranhamento com a questão da militância para que os olhares e as perspectivas de sua compreensão da militância sejam ampliados para além de estereótipos e pré-conceitos. PALAVRAS-CHAVE: Militância; movimentos sociais e subjetividade; modernidade líquida.
INVENTING THE OPPOSING-SPRING THAT RESISTS: A STUDY ON THE SPIRIT OF MILITANCY IN CONTEMPORANEITYABSTRACT: This paper aims at querying the spirit of militancy in contemporaneity, studying interviews performed with several social movement activists. It discusses the possibilities of militant activity development in present times, after the concept of liquid modernity, which will help us to comprehend the possibilities of being and belonging in the world; and the idea of invention, that seeks to deconstruct the evidences of common sense, abandoning the understanding that the objects of research are natural or permanent, understanding them as ephemeral and in construction. Thus, we seek to produce this estrangement with the matter of militancy so that the views and perspectives of its comprehension may be enhanced far beyond the stereotypes and preconceptions. KEYWORDS: The spirit of militancy, social movements and subjectivity, liquid modernity. O surgimento das Organizações Não-Governamentais (ONGs), o incremento das ações do terceiro setor, a omissão cada vez mais extrema do Estado nas questões mais básicas do cotidiano dos cidadãos e, principalmente, o fato de ainda ouvirmos muito falar em militância, fez com que nos questionássemos sobre o que é ser militante hoje. Para potencializar essa discussão, não procuramos, neste artigo, definir um conceito de militância. Nosso objetivo é tomar distância de nosso objeto, qual seja, a militância, para que possamos estranhá-lo e trabalhá-lo como um operador que produz um deslocamento e uma desestabilização. Esperamos, com isso, contribuir para as reflexões sobre as atuais possibilidades de participações militantes, compreendidas a partir do olhar da psicologia social.Procuramos traçar nessa discussão uma cartografia que não se propõe a buscar uma verdade sobre a questão estudada, mas problematizá-la, colocá-la em análise, tomá-la como uma questão em aberto, que está em constante mutação. Inventar a militância, como coloca Silva (2005) implica desconstruir a expectativa de descobrir algo preexistente, criando a "necessidade de pensar outramente, de produzir um estran...