Alcoolismo: acusação ou diagnóstico?

Abstract

O artigo apresenta reflexões orientadoras da construção do consumo de bebidas alcoólicas como objeto sociológico, inclusive das formas proscritas articuladas à definição de patologias ou ao desrespeito a regras morais. Mediante considerações sobre o investimento acumulado por processo de pesquisa em curso, a autora destaca os dilemas éticos e epistemológicos enfrentados por antropólogos que se dedicam ao tema.

O processo de alcoolização em populações indígenas do Alto Rio Negro e as limitações do CAGE como instrumento de screening para dependência ao álcool

“…Diversos autores (Edwards et al, 1999;Oyacer e Ñanco, 1998;Kunitz e Levy, 1994;Neves, 2004) vêm apontando a dificuldade de se investigar a temática do uso de álcool mediante um enfoque monodisciplinar. Na saúde indíge-na, essa dificuldade acentua-se, uma vez que a categoria "alcoolismo" pode ser usada com propósitos diversos, inclusive como meio de discriminação e estigmatização social (Langdon, 2001;Oliveira, 2003).…”

O gênero do amor: cultura terapêutica e feminismos

“…These theories also involve a substantialist conception of disease, for example, in relation to the role that alcohol, drugs, and money play in their biographies. In this context, it was important to perceive a type of distribution of the person, who articulates meanings in the diverse groups in which she circulates, while seeking to repair the damages caused in her 10 For more on these categories see Neves (2004);Campos (2005);Ferreira (2012). 11 The groups' organizational modes dispense with the presence of experts such as psychologists, physicians, etc.…”

A Relação entre Trabalho e Alcoolismo

“…No século XX, no contexto de expansão industr ia l, intensifica-se a comercialização de bebidas alcoólicas e começam a ser observados os impactos do uso em grande escala para a saúde pública (Jaffe, 1993). A ampla produção industrial, a venda lícita, o baixo preço de venda, a vasta aceitação social e os distintos papéis sociais assumidos (anestésico, relaxante, eufórico) tornam o álcool uma substância popular e com alto padrão de uso (Neves, 2004). Entretanto, a questão que se coloca ainda sem resposta é: por que, para alguns sujeitos, o consumo de álcool não apresenta efeitos da perda da liberdade do beber (Fouquet citado por Karam, 2003), mas apresenta para outros sujeitos, que não só perderão essa liberdade, mas também serão vistos na condição de "tratáveis"?…”

“…Nos artigos eminenteme nte teóricos, fica nítida essa diferença de abordagens. A publicação de Lima (2010) baseia-se na contribuição teórica e de método de Louis Le Guillant, enquanto a publicação de Karam (2003) é baseada na abordagem de Dejours da psicodinâmica do trabalho e a de Neves (2004) segue na perspectiva etnográfica.…”